Parte 1

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Thartalion tenta aplicar uma gravata no soldado mais próximo, porém é imediatamente impedido por dois outros guardas, que o agarram e prendem um de seus braços às costas, ameaçando-o de quebrar. O verrogari acaba sendo contido por três homens armados que dispensam perguntas, e o que parece ser chefe deste grupo perde a paciência.

- Levem este para a prisão! E levem este de vermelho também que não parece boa coisa. Revistem e tirem as armas deles.

A multidão ao redor assiste, e alguns sacerdotes do templo tentam informar ou argumentar algo, mas os guardas não os dão ouvidos.

Vocês vão tentar reagir de alguma forma?

Arthur salta do banco e parece ignorar que foi afastado das suas paqueras, dizendo:

- Mas isto é ótimo, Bael! Eu sabia que você não ia me decepcionar! Todos falavam que você seria um desastre total, porém eu rebatia com um sonoro "não!", eu confiava em você! Agora me leve para este herói de Timor, tenho perguntas a lhe fazer. E não vamos agir precipitadamente neste momento crítico, vamos pensar antes de agir! Não há lugar mais seguro que este castelo nesta cidade, ele pode e vai se abrigar aqui até que tenhamos tudo planejado. Você está me entendendo Bael? O sucesso desta missão depende disto e das opiniões que o rei tiver de nós!

O castelão se espanta e dispara tudo de uma vez:

- Bonnie? O herói de Timor? Mas que honra recebê-lo! Por que eu não fui avisado da sua chegada? Os guardas do portão deviam ter anunciado a sua entrada! Alguém terá uma conversa dura com eles! E onde está o restante de seus amigos? Ei, mas espere, o próprio príncipe, sua majestade, avisou-me a pouco que esteve na Catedral para saber de sua saúde e disse-me que o capitão da comitiva havia se confundido, que Bonnie havia morrido na viagem e não Murim.

Ele te observa confuso. Neste momento, vocês escutam uma corneta sendo tocada de longe, no pátio logo na entrada do castelo. Em seguida, há um anunciamento e você reconhece seus outros companheiros chegando ao castelo.

- Ah, parece que seus amigos chegaram. Vamos lá, receberei-os também. Tenho certeza que esclareceremos esta questão.

E dito isso ele avança passos rápidos ao outro pátio, fazendo sinal para que você o acompanhe.

Os guardas mudam sua postura e modo de falar para uma mais gentil.

- Ah, os convidados do rei? Minhas desculpas por não os ter reconhecido. Vou anunciar sua chegada e chamar o castelão para recebê-los.

Neste momento, a passagem é liberada e o guarda que falava com vocês chama por outro. Os dois conversam, então o segundo avança para dentro do pátio e sopra harmonicamente uma trompa. As muitas pessoas do pátio voltam sua atenção, agora em silêncio, para o soldado, que anuncia:

- Os heroicos convidados do rei, salvadores da vila de Timor: Anya, Terry, Lezard, Markas e Thalles.

As pessoas do pátio todo saúdam sua entrada ao cruzarem os portões do castelo. Os inúmeros rostos desconhecidos, entre servos, soldados e nobres, os cumprimentam e desejam boas-vindas.

Você sabe as escadas de má vontade carregando as malas do menestrel e as joga de qualquer jeito no primeiro quarto vago que encontra. As descer novamente as escadas rangentes, vê Lucius a uma mesa no canto arranhando o alaúde. Uma puta disfarçada de gente normal está se jogando em cima dele e ele está bastante incomodado. Você vai até Earl detrás do balcão e antes que pudesse reclamar ele já chia em voz baixa:

- E então? O que achou? Algo de valor? - e vendo seu rosto incógnito, vocifera - Não vá me dizer que você não examinou as bagagens? Putaquepariu Abadrel! O que há de errado com você hoje? Comeu merda? Acorda pra cuspir!

Roderick ignora sua pergunta e avança para conversar com o homem de armadura. Tinha alguma coisa de errada com aquele homem. Ou era completo inocente ou não confiava em você ainda.

- Grão-mestre Aeron Petar, Patriarca de Donatar - Roderick anuncia, ajoelhando no chão frio a metade da distância - Que Crezir lhe traga vitórias. Podemos conversar em particular?

Tanto Aeron quanto Joaquina se viram para vocês. Petar recebe o punhal de Joaquina, que você desconfia reconhecer, e então recebe Roderick em uma sala adjacente, fechando as portas atrás de si. Joaquina avança a passos firmes até você.

- O que está fazendo aqui? Achei que tinha morrido! Todos achamos! Foi Bonnie, não foi? Ele te mandou me seguir não foi? E quem é o paspalho com você?

Vocês caminham de volta ao pátio principal da entrada do castelo e escutam os sons de clarins e uma multidão aplaudindo. Alguém importante parece ter chegado. Arthur lhe responde durante a conversa:

- Um mentiroso? Se ele pode mentir sua própria identidade para o príncipe então ele pode ter mentido para você também! Talvez nem seja um dos salvadores de Timor, talvez seja um maldito impostor! E você disse estar sendo caçado pela lei e por duas pessoas? Céus tenham piedade de nós, não quero que vocês sejam caçados como sacos de moedas ambulantes enquanto viajam para o Portentã. Quero investigar isso a fundo. Estorinhas sobre templos e orcs falando élfico é a última coisa que quero discutir agora.

Vocês chegam ao pátio principal, onde todos parecem ter parado suas atividades para saudarem e cumprimentarem umas poucas pessoas, mas que você reconhece por tê-las visto na Catedral de Selimon. São Anya, Terry, Lezard, Thalles e Markas, os outros convidados do rei que acabaram de chegar. O castelão, seguido por Bonnie, avançam pela multidão para recebê-los.

Arthur percebe sua expressão dizendo: - São eles, não são?

Lezard, Anya, Terry, Markas e Thalles eram saudados e cumprimentados animadamente pelos soldados, nobres e serviçais do castelo, quando o caminho é interrompido por um homem em roupas de boa qualidade e chapéu que se apresenta cortesmente. Atrás dele, vem Bonnie, o qual vocês não esperavam encontrar já aqui no castelo. Ele usa vestes surradas e mal se pode perceber o banho que os acólitos de Selimon deram nele.

- Sejam muito bem-vindos ao castelo real! Eu sou o castelão, e em nome do rei, sua majestade, estou aqui para acomodá-los com o melhor que a corte pode oferecer. Por favor, me acompanhem que eu lhes apresentarei o castelo e seus cômodos. O rei tem muito prazer em receber em seu lar os salvadores da vila de Timor dos ataques das bestas selvagens, e vai recebê-los pessoalmente esta noite durante o baile.

E virando-se para Bonnie, que temporariamente o esqueceu, completa:

- Ah sim, chegou-nos informações confusas sobre o estado de saúde de Bonnie ou Murim, ou seja lá qual dos dos seus valorosos amigos veio a falecer durante a viagem.

Vocês são arrastados a força pela cidade, e apesar da sua cooperação, os guardas parecem bastante irritados pela reação inicial de Thartalion. Eles revistaram e desarmaram vocês e guiam o cavalo do verrogari também. Durante o trajeto, eles conversam entre si em um idioma estranho, e tem a impressão que as vezes eles se dirigiam a vocês. É fácil supor que eles descobriram que vocês não compreendem o idioma diante das suas respostas mudas.

Vocês chegam a uma grande torre redonda, baixa e larga, a frente da qual podem ver um palco de madeira onde se realiza humilhações e mortes ao público, mas parece sem uso recente. A torre é facilmente identificada como quartel da guarda da cidade e prisão, para a qual vocês são levados assim que chegam. As masmorras no subterrâneo são frias, úmidas e com pouca iluminação. A maior parte das celas está vazia, e a outra parte ocupada por vagabundos comuns. Vocês são colocados em celas separadas, um ao lado do outro.

Um dos guardas que os levaram até aí fala para vocês de volta em malês:

- Não precisamos de estrangeiros que causem problemas nas ruas. É melhor resolverem suas diferenças na conversa agora do que esperar pelo capitão chegar. Ele não está tendo um bom dia e é bem possível que deixem vocês presos por um dia ou dois se não cooperarem com ele desde o começo.

Os guardas saem da masmorra e deixam vocês sem saber quando esse capitão virá para esclarecer tudo.

Joaquina ignora seu aviso.

- O paspalho conhece o grão-mestre e interrompeu minha conversa com ele. Vou abandonar vocês e não vou ao banquete do rei. Todo este tempo me fez pensar em quem eu sou de verdade e qual meu lugar no mundo. Você pode acreditar que não, mas Blator abençoou minha vida e me salvou várias vezes. Em agradecimento, farei o que nasci para fazer: matar orcs! Uma tropa de guerreiros de Crezir vai investigar o sul do país e eu poderei voltar para a Muralha de Goguistá, vou lutar com eles e caçar esses monstros. Nossa sede de sangue só se saciará quando matarmos o último dos orcs que estiver em Ludgrim, e depois no Mundo!

Joaquina fica gesticulando golpes com uma arma imaginária e parece alheia ao mundo.

Você bagunça a mala toda e esquece como estava organizada. Lucius vai perceber a diferença quando vier para o quarto. Você encontra umas poucas mudas de roupa de segunda e de dormir, instrumentos para afinar o alaúde e algumas ervas estranhas que você desconfia servirem para fumar. Nada da carta que ele recebeu do jurado para entrar hoje a noite no castelo real. Sem a carta, é impossível entrar lá.

Ao voltar para o primeiro piso, repara bem no menestrel que tenta lidar com a mulher cantando e tocando algumas melodias. A algibeira está com ele no cinto, mas nenhum sinal da carta. Earl aguarda seu próximo movimento nervoso.