Parte 1

Arthur puxa você pelo braço pela multidão.

- Venha! Precisamos agir rápido!

O castelão já ia respondendo a Terry:

- Ah, quanta desatenção a minha. Faz tanto tempo que trabalho neste castelo que as vezes acredito que todos já me conheçam. Sou Ricardo Pena-Branca, e minha linhagem serve à família real desde a fundação do reino.

Quando dois sujeitos se aproximam de forma invasora, apesar do sorriso no rosto. Um deles é conhecido de vocês, Bael, o bardo que estava na Catedral de Selimon mais cedo. O outro é um homem um pouco mais velho e de aparência muito bem cuidada, apesar das roupas e sotaque revelarem que ele não é de Ludgrim. Ele vai logo se apresentando:

- Ah! Mais que honra conhecer finalmente os heróis salvadores de Timor! Meus sinceros cumprimentos, meu nome é Arthur Viestou, e eu sou arauto do Portentã de Eredra! Como devem saber, uma invasão vinda das Terras Selvagens preocupa muito aos nossos dois reinos que se aproximam de forma amigável ainda mais nestes momentos de terror!

O homem fala bastante rápido e de forma intrometida e deixa até mesmo o castelão sem jeito.

Joaquina continua golpeando o ar e ensaiando manobras de combate, até que finalmente Roderick Karp deixa a sala com algo a mais de satisfação pessoal no rosto. Vocês já iam se dirigindo à saída quando Joaquina lhe grita:

- Adeus Oberyn! Deixarei a cidade ainda hoje! Tenho certeza que vocês vão ouvir falar de mim!

E sem dar muita bola, vocês saem. Joaquina volta a conversar com o grão-mestre de Crezir. Vocês montam seus animais novamente e voltam a cavalgar para o castelo. No meio da viagem, sem muito diálogo, Roderick comenta:

- Até que Thartalion tem me sido útil, mesmo com suas faltas. A corte toda hoje terá uma grande surpresa.

Ele não explica o que quis dizer com isso. Ao se aproximarem do castelo real, percebem grande movimentação no pátio principal. Já na ponte levadiça, percebem o pátio todo parado recebendo algumas pessoas. Não quaisquer pessoas, mas seus companheiros de jornada. Anya, Terry, Lezard, Thalles, Markas e Bonnie - pessimamente vestido - chegaram ao castelo e o castelão está os cumprimentando.

Na penumbra, vocês não conversam entre si. Apenas os outros prisioneiros sussurram algo entre eles, certamente a respeito de vocês. Não tardou muito, algo entre uma e duas horas, para o capitão da guarda aparecer, de fato irritado. Ele veste uma armadura de couro, capa e roupas boas e avança direto para as celas de vocês com uma tocha nas mãos para iluminar o ambiente. É um meio-elfo alto e forte, de longos cabelos loiros, e tem uma espada de mão-e-meia na cintura.

- Certo, vocês querem me dizer logo que diabos foi aquilo na frente do templo do deus da paz? Pro inferno com vocês! Não existe mais nenhum respeito pelos deuses! Selimon é o patrono do reino, seus malditos estrangeiros!

O castelão já ia dizer algo quando outra intromissão aparece, e esta ainda mais assustadora. Oberyn Martell cruza os portões do castelo montado em sua zebra em plena forma e saúde físicas. Acompanhado dele está um homem grande, bem vestido, e de olhar afiado como o de uma raposa, que intui-se pela postura se tratar de um guerreiro nobre. Os dois cavaleiros se aproximam de vocês, mas não há espanto da parte do castelão.

O homem que acompanha Oberyn desmonta e seu cavalo é levado para os estábulos por um cavalariço. Ele se apresenta muito cortês e tem a voz muito firme:

- Saudações, bravos heróis. Me chamo por Roderick Karp, da corte do Reino de Verrogar. Gostaria de dizer que sinto-me honrado por compartilhar a presença de tão ilustres pessoas.

Roderick avança com seu porte avantajado para a única mulher do grupo, Anya, toma-lhe a mão e a beija com delicadeza, dizendo em seguida:

- Que companhia fascinante. Engrandece-te ainda mais a beleza, a coragem em enfrentar monstros malignos. Tenha-me como seu intenso admirador. - e voltando-se aos demais, ele anuncia - Se não lhes incomoda, gostaria de conversar com todos vocês.

Então Arthur, o arauto eredri - que desde a chegada do verrogari esteve um tanto incomodado - apruma-se e diz claramente:

- Mas era exatamente sobre isso que estávamos comentando, não é mesmo mestre Ricardo? Ah, meu amigo Roderick, vamos todos nós juntos conversar muito em uma grande sala! Isso sim!

O castelão fica um pouco perdido, a espera que vocês comentem a situação, e sugere:

- Bem, podemos todos nós nos reunir ao redor de uma mesa e tagarelar a vontade regado a cerveja e vinho. Meus convidados, vocês têm fome?

O capitão da guarda fica impaciente, batendo o pé no chão em nervosismo. Diante da resposta insatisfatória de Nierom e do silêncio de Thartalion, ele vocifera:

- Se vocês não querem cooperar, problema de vocês. Posso manter os dois presos por vários dias e tenho certeza que ninguém vai reclamar de manter vocês fora das ruas. Eu vou dar uma segunda e última chance de me dizerem o que aconteceu na frente da catedral, ou eu juro que vocês não vão ver a luz do sol tão cedo.

Earl coça a barbicha preocupado e diz:

- Não sei, isto me parece difícil. Não posso deixar o balcão, você terá de fazer isto sozinho, Abadrel! Já estou lhe ajudando com o melhor que posso. Tome, leve mais esta cerveja até a mesa dele como cortesia. Faça alguma coisa, descubra onde está a carta. Se achar melhor, faça um sinal para Julieta, a puta, para que ela deixe vocês a sós.