Parte 1

Vocês percebem algum nervosismo no capitão quando Thartalion fala com ele. Mas logo em seguida ele relaxa e diz:

- Claro, e eu sou a rainha. É cada uma que vocês inventam. Os acólitos já vieram falar comigo do trabalho que vocês causaram no templo.

Sem vontade de ouvir mais nada, o capitão deixa a prisão pisando forte e já vai gritando pros soldados no nível de cima:

- Podem jogar a comida daqueles dois pros cachorros. Vamos ver se não vão falar a verdade depois de uma noite faminta.

Ele deixa o local e vocês escutam alguns dos vagabundos das outras celas rindo baixinho.

Preciso saber se vão tentar algum tipo de fuga ou não.

Ricardo, o castelão, responde a pergunta de Oberyn:

- Não sei lhe informar, caro Oberyn Martell, mas tenho certeza de que o mesmo será entregue em seus aposentos assim que pronto.

Arthur, o arauto eredri, diz tentando se mostrar descontraído, porém percebe-se ainda nervosismo em sua voz:

- Ora, ora, mas qual a necessidade de conversarem a sós? Tem algo a esconder de nós e de nosso anfitrião, o rei? Se até mesmo sua majestade não esconder nada de seus súditos e conselheiros, por que haveriam vocês de esconder algo?

Roderick, o verrogari, ainda em sua postura altiva, retruca com determinação:

- Deixe os rapazes conversarem! Não percebe que querem apenas decorar umas frases feitas e cobrirem os buracos da história para não fazer feio na frente do rei?

O castelão parece dividido, mas cede:

- Não é crime nenhum quererem tagarelar entre si, não é mesmo? Sigam-me todos, vou levá-los até a sala.

Todos vocês seguem o castelão, terminam de cruzar o pátio e entram na fortaleza pelo portão principal - porta dupla de madeira reforçada por ferro no alto de uma escadaria. Vocês cruzam alguns salões e corredores principais do castelo, guardado por soldados em todo lugar, enquanto Ricardo apresenta os locais por onde passam. O castelo é um verdadeiro palácio, ricamente adornado e repleto de obras de arte. Vocês chegam a um salão retangular com duas mesas comunais e janelas altas e estreitas ao fundo. Uma porta simples é aberta e o cômodo é apresentado por Ricardo:

- Vocês podem discutir aqui dentro, é uma saleta simples e sem janelas. O resto de nós ficará aqui do lado de fora, aguardando. Pedirei imediatamente para os serviçais disporem estas duas mesas de comida e bebida. Então não demorem! O banquete estará servido quando deixarem a salinha!

A porta para a saleta é aberta para vocês entrarem. No salão, divididos nas mesas comunais, ficam Arthur, Bael, Roderick e o próprio Roderick. O verrogari pisca o olho discretamente para Oberyn.

Lucius pega a cerveja que você lhe ofereceu mas detém o primeiro gole da bebida. Ele responde, um pouco incomodado:

- Sim, foi uma boa competição. Mas tinha algo de estranho no lugar. Todas as equipes pareciam estranhamente desafinadas. Talvez fosse a umidade ou o eco do templo de Lena, não sei. Talvez alguns tenham comido mais do que deviam. Bem... mas você disse que não sabia que a competição era em equipes? Como se inscreveu para uma competição da qual sequer sabia como era definido o ganhador?

A pequena sala sem janela tem decoração simples, em comparação com o restante do castelo, ainda assim rica. Uma mesa comunal para até doze pessoas, vasos com flores, tapeçaria na parede oposta a porta. Vocês não conseguem ouvir nada que venha do lado de fora, a acústica do lugar é boa.

Thalles diz sua opinião frente a exposição de Bonnie:

- Mas senhor Bonnie, sequer sabemos o que houve com o senhor Oberyn! Ele pode muito bem ter chegado antes de nós, estava bem de saúde e montado. Neste tempo não duvido que até o rei ele já tenha conhecido!

Markas também pondera:

- Bonnie, não questiono a veracidade do que tem nos dito, apesar de suas alegações passadas me induzirem a tal. Corrija-me se estiver errado, mas basta que digamos a verdade e nada de ruim pode acontecer conosco! Não sejamos burros de inventar uma mentira e cair em uma espiral de indagações que não podemos responder. Além do mais, se estamos sendo "perseguidos", como o senhor diz, existe lugar mais seguro no reino que a casa do rei???

A porta continua fechada, vocês ainda tem tempo para discutir.

Arthur cochicha com Bael:

- Eu sei! É que não tive tempo de pensar em algo melhor! Precisamos de um plano. Temos que ter eles do nosso lado. Temos que ter o rei do nosso lado. E temos que mandar eles pro Portentã! Pense em algo que possa criar confiança neles! E tem aquele maldito do verrogari que parecia pronto pra tudo.

Após a porta da saleta ser fechada, o castelão se detém, e comenta a baixa voz e longe da porta com Oberyn:

- Algo não me cheira bem, nobilíssimo Oberyn. Meus ouvidos não me enganaram, o príncipe em pessoa me assegurou que o capitão da comitiva havia se enganado, e não havia sido Murim a morrer, mas sim Bonnie. E agora ouço o falecido negar o fato, e você e outros chamá-lo por Bonnie. Ora essa! Quem é ele afinal?

Então o castelão chama por Bael mais para perto, e cochicha com ele também:

- Você esteve na Catedral de Selimon, não esteve rapaz? Por acaso ouviu quando o distinto rapaz afirmou ao príncipe de que era Murim e que Bonnie havia morrido durante a viagem até Donatar?

O verrogari permanece em silêncio e Nierom deixa extravasar um pouco da raiva contida em si por sua falha. Em pouco tempo - durante o qual vocês ficam perdidos em pensamentos, temendo que sua prisão acarrete terríveis consequências - o capitão da guarda retorna, desta vez com o semblante diferente, um pouco assustado.

Ele vai direto até a cela de Nierom e a destranca. Imediatamente retém as chaves e leva a mão ao cabo da espada, mostrando estar atento aos movimentos do feiticeiro. O guarda diz:

- Parece que um de vocês tem amigos poderosos. Venha, saia da cela, pode subir e pegar suas coisas, está liberado. - e então se volta momentaneamente para Thartalion - Mas você continua preso até amanhã.

Lucius responde:

- Ah, sei. Bem, você pediu dicas e a primeira que eu posso te dar é conhecer as regras das disputas nas quais entrar. A segunda é conhecer os prêmios e quais oponentes é provável que encontre. A terceira é ter uma equipe boa de apoio. Eu pago pela minha semanalmente com rigor, são os melhores que encontrei em minhas andanças. Estude bem as cantigas que pedirão pra você cantar, se souber. Outra boa dica é afrouxar as cordas do alaúde um tom abaixo da afinação, porque elas vão se tornar mais rígidas depois de um tempo sendo tocadas.

A puta fica sentada no colo de Lucius, enrolando cachos dos cabelos dele nos dedos. A última dica lhe deixou confuso, é exatamente o oposto do que você sabe funcionar.