Parte 1

Lucius gira o copo na mão, e diz com a voz baixa, obrigando você a se inclinar para mais perto para conseguir ouvi-lo:

- Mas é claro que você sempre ouviu o contrário. Porque essa dica é tão falsa quanto a sua hospitalidade.

Antes que você pudesse reagir ele empurra a puta com violência contra você, e os dois caem no chão! Você se afoga nos seios fartos da prostituta e mal consegue sair debaixo dela. Lucius faz um esforço tremendo e quase não consegue virar a mesa de madeira, que rola e cai longe de você, se causar ferimentos.

- É claro que você sabia o prêmio! Vocês o cobiçam de mim!

Lucius berra, ainda assutado. A taverna toda para e se vira para ele. Earl é pego de surpreso e não reage detrás do balcão. Lucius se vira para a saída da taverna e corre para alcançá-la.

Thalles retruca:

- Eu vivi o bastante para ver que orcs são maus, senhor Bonnie, e que há gente boa no mundo. Meu tio era um senhor bom. Os sacerdotes nos acolheram e eram senhores bons. Não acredito que um homem como Oberyn que lutou ao nosso lado e protegeu a nossa vida e a dos inocentes de Timor possa ser mal!

Markas retruca, mais irritado do que de costume (deve estar pegando o gênio de Anya):

- Isto é loucura Bonnie! Acha mesmo que estará a salvo longe dos muros deste castelo? Longe dos muros da cidade? Longe do reino, afinal? Se uma centena de guardas vigiando seu aposento dia e noite não podem protegê-lo, céus, nada pode então.

Depois ele responde a pergunta de Bonnie:

- Ainda não tivemos tempo livre para ler o conteúdo. E não espere que sejamos capazes de ler enquanto cavalgamos. O ato de heroísmo foi suficiente para que o próprio, repito, o rei, tenha convidado os heróis para a sua corte! Quem sabe o que ele quer? Quem sabe agora não se abram oportunidades para viver uma vida boa!

Vocês continuam discutindo dentro da saleta, mas é melhor não arriscar e manter o volume de voz controlado.

O capitão observa as reações de vocês dois e fica bastante confuso. Então ele se vira para o verrogari e diz:

- Seu "assassino" quer você solto. Nunca em toda minha vida ouvi um assassino que dissesse isso. Você é louco.

O capitão então segue às costas de Nierom, de volta ao andar superior. O feiticeiro respira novamente o ar da liberdade e vê a luz do sol já se baixando. Afinal, não foi tão ruim assim. Um guarda lhe entrega seus pertences de volta, e o capitão assina algo em um livro, encerrando seus curtos registros na prisão. O próprio sumo sacerdote de Selimon lhe espera do lado de fora com um sorriso no rosto e um piscada de olho.

Um dos prisioneiro diz a Thartalion, após a saída dos dois:

- Hey! Se você for louco e perigoso, eles mantém você preso! Mas se for louco e inofensivo, eles soltam você! - o prisioneiro abre um sorriso de poucos dentes.

Arthur responde rapidamente a Bael, antes que ele saísse para conversar com o castelão:

- Você faria isso? Ah, mas é muito perigoso. Verrogaris podem fazer tanto mal quanto volins, mas são mais difíceis de enganar. Tenha cuidado.

Ricardo escuta as ponderações de vocês dois e diz, ainda em voz baixa:

- Mas isso é terrível! Mentir para o príncipe é ofensa gravíssima! Será também uma ofensa minha, se sua majestade não ficar sabendo disto por mim. Estou grato ao relato de vocês. Vamos então ao arsenal ver as posses de Bonnie e o que tem demais nelas.

Vocês seguem Ricardo pelo castelo, deixando Arthur e Roderick em cantos opostos do salão e uma tensão aparente. Você pegam a saída pelos estábulos, local onde já fazem uma parada. O castelão conversa com o cavalariço e apresenta a vocês um cavalo que Oberyn reconhece:

- Bem, esta montaria está nos registros como pertencente a Bonnie. Além disso, há alguns pertences no arsenal em seu nome, se bem me recordo.

O capitão deixa a prisão e você imerso em seus pensamentos. Pelos primeiros minutos, você pensa como vai matar o tempo até a manhã de amanhã. O capitão provavelmente não deixaria você preso mais além do que isso. Mas essa preocupação desapareceu logo em breve. Antes que você pudesse fazer inimigos nas celas, o capitão retornou.

Dessa vez ele vai direto até a sua cela e a destranca, se curvando ironicamente para dizer logo depois:

- Não acredito que o que você disse era verdade. Pelo menos parte do que você disse. Está livre para sair, ó guardião verrogari. Por que não aproveita e volta para seu reino para matar uns elfos? Ou melhor, ser morto por um.

O capitão sai a sua frente a passos rápidos. Vocês sobem a escada e retornam ao primeiro nível, a entrada da torre da guarda. Um guarda lhe devolve todos seus pertences e o capitão assina um livro de registros, finalizando sua detenção. De pé próximo à escadaria da entrada do prédio, se destaca um guerreiro formidável. Um homem de meia idade, de cabelos bem curtos e já grisalhos, queixo largo, cicatrizes diversas no rosto, enverga uma surrada couraça peitoral e carrega nas costas um machado de guerra enorme. Tem quase dois metros de altura e braços enormes. As roupas, vermelhas, entretanto, denunciam algo muito mais que um guerreiro, algo sacro.

Vocês saem da pequena sala e voltam ao salão. As mesas estão sendo abastecidas para um banquete por diversos empregados do castelo. Arthur e Roderick, em mesas diferentes, não dizem uma palavra nem tocam na comida. Ricardo, Bael e Oberyn não estão mais aqui. Ao ser indagado, um dos servos diz que foram ao arsenal trazer as posses de Bonnie, como pedido.

Você rola no chão, tentando não se distrair com os seios fartos. Um ferreiro que frequenta a taverna, conhecido seu, sujeita-se ao seu comando e entra no caminho de Lucius. Ele apoia as costas largas na porta e cruza os braços, deixando escapar um sorriso calmo frente ao pânico do bardo.

- Eu não sou nenhum ladrão!

Você se levanta e se aproxima de Lucius. As pessoas da taverna param pra assistir o embate. O bardo se coloca em posição de luta desengonçado, cerra os punhos e se prepara para sua aproximação.

Ricardo Pena-Branca responde a Bael:

- Boa ideia, vou enviar um homem atrás do capitão da guarda. Seja um deles emissário verrogari ou não, deve se sujeitar as nossas leis.

Vocês vão até o arsenal, mas sua entrada é barrada. Apenas Ricardo continua e desaparece na escuridão atrás da porta. O prédio, uma extensão do castelo, tem diversos níveis subterrâneos e é guardado noite e dia por homens bem armados. Quando retorna, o castelão trás apenas umas poucas armas.

- Aqui estão: dois punhais, duas espadas e um arco composto. Não vejo nada demais nisso. Vamos levá-los para o dono.

O sacerdote passa um dos braços por seus ombros e vai forçando você a andar. Quando saem da vista da torre da guarda, algo sinistro começa a acontecer com o velho de barbas longas e castanhas. A voz de sua risada baixa se altera, suas barbas se recolhem, e a própria roupa que ele vestia lentamente se metamorfoseiam em outras mais conhecidas. O espanto inicial desaparece, assim que você reconhece um dos feitiços mais comuns entre os magos, ainda que em grau muito avançado. O sumo-sacerdote é na verdade o mago Tristan.

- Antes de qualquer coisa, saiba que não estou completamente decepcionado por seu fracasso assustador. Eu o segui de longe até a catedral da cidade e vi meu alvo fugir enquanto você era subjugado por algum tipo de guerreiro. Aliás, confirmei minhas suspeitas, era ele mesmo, Bonnie Dilinguer. E se quer saber, ele teve ajuda. Alguém o escoltou até o castelo real. Hmmm, isto dificulta um pouco as coisas. O que tem a me dizer?