Parte 1

Ao que o sujeito se retira, o sacerdote continua:

- Talvez um grande meio-elfo em uma grande missão. De toda forma, uma missão sofrida. O rei de Ludgrim não quer correr risco, e investiu uma fortuna considerável dos cofres na reforma desta catedral. O sumo-sacerdote, que também é o patriarca de Donatar, o líder da nossa religião no reino, vasculha incansavelmente todo o prédio há décadas. Mas você já deve ter ouvido as histórias de salões e passagens secretas que este templo, dizem, possui. Conhece-se bem a audácia dos demonistas, imagine se mantiveram uma sala secreta profana! - ele diz isso sussurrando apenas.

Bonnie vai primeiro até o quarto onde estava noite passada quando foi arrastado até as celas, estava mais perto, e seu palpite acertou. Anya, Markas, Thalles e Terry estão arrumando as malas para partir da catedral ao castelo.

Bonnie chega no exato momento e flagra Anya examinando a janela por onde ele viu a sombra entrar noite passada e Markas dizendo a ela:

- Está considerando a hipótese de que Bonnie estivesse falando a verdade e que um ser de sombras invadiu nosso quarto enquanto dormíamos?

Thalles vê Bonnie entrando no quarto e anuncia um tanto surpreso:

- Senhor Bonnie! - e Markas se cala imediatamente, esperançoso de que Bonnie não o tivesse ouvido.

Terry vasculhava o baú freneticamente, mas não encontrava o que procurava. Percebendo-se disso, Markas lhe diz:

- Procura isto? - Markas abre a mão e revela a pedra âmbar - Os sacerdotes devem ter se confundido e colocaram entre meus pertences.

Roderick lhe responde:

- Ora, mas que história interessante. Tiveste aulas de como contar estórias na Levânia? - você fica confuso se ele perguntou sério ou se desconfiava da sua alegação ironicamente - Fui enviado a este reino precisamente para obter informações acerca da invasão selvagem pelo distante Sul. E os relatos seu e de seus companheiros me parecem a fonte primária de informação. Aguardava obter mais de suas histórias no banquete esta noite.

Você encontra um soldado verrogari da comitiva, que te saúda militarmente.

- Lorde Roderick Karp encontra-se no pátio superior onde treinam os soldados do castelo. Ele disse que gostaria de observar a capacidade combativa do reino.

Você deixa o soldado e segue suas instruções de como chegar a tal pátio.

O local é circulado por corredores elevados cobertos onde algumas pessoas assistem uma dúzia de soldados em treinamento em um pátio que mais parece um lamaçal. Você vê Roderick do outro lado do pátio, debruçado sobre a mureta do corredor, conversando com um estranho.

O menestrel, de nome Lucius, aceita o convite de Earl e diz que vai comparecer a taverna pela tarde, mas que primeiro precisa ir a seus alojamentos preparar as bagagens. A comida e bebida são retiradas e vocês se veem deixando o templo e retornando a taverna. Earl lhe diz no caminho:

- Eu disse que você ia precisar de mim! Jamais seria capaz de vencer esta competição! Acordou com uma voz péssima hoje Abadrel! Diga-me, quais os planos para o sujeito agora?

Fintan Vidar se dispensa sobre sua benção e você retorna ao aposento onde foi acolhido noite passada. Ainda há alguma distância no corredor, percebe Bonnie parado na soleira da porta e então entrando no quarto, sem perceber você. Uma sensação ruim já lhe toma o corpo.

Thartalion identifica corretamente tratar-se de algum nobre. Porém, como não teve educação adequada em política e heráldica, não consegue descobrir com precisão de qual casa nobre se trata. Seu melhor chute, é que se trata de um nobre da Levânia.

Assim que Thartalion se aproxima, Roderick se empertiga e os apresenta com um sorriso:

- Ah, e veja quem chegou. Oberyn, este é Thartalion Menelcar, um de meus mais valorosos soldados e um dos homens em que mais confio na minha comitiva. Thartalion, demonstre seus cumprimentos a Oberyn Martell, um dos heróis que derrotaram os orcs ao Sul do reino e que foi convidado pelo rei para o banquete desta noite.

A hora do almoço vem e a taverna lota-se de homens grandes e suados. Você fica atento por mais de uma hora, camuflado entre a baixaria, os jogos de azar e a balbúrdia provocada pelos sujeitos de índole questionável. Você vê seu tempo perdido e transformado em frustração ao constatar que seu alvo suspeito não compareceu ao encontro.

A maioria dos homens já foi embora quando um peregrino entra na taverna de vestes surradas e sujas do pó da estrada. Ele avança de forma trôpega até você e estende a mão pedindo esmola. Você estava pronto para lançar-lhe uma maldição quando percebe tratar-se de seu contratante, disfarçado.

- Você está perdendo tempo e chamando atenção demais, Nierom. Não foi difícil localizá-lo nesta taverna de segundo nível. Se eu o fiz, bem podem seus inimigos. Onde está meu alvo? Ele não "mordeu a isca" como você achava, não é mesmo?

Markas segura a pedra por um instante, um tanto confuso com o desenrolar da situação de Bonnie e Lezard, então diz, ainda sem entregar a pedra:

- Qual é o problema, Terry? Seria eu, um insignificante aprendiz de mago, capaz de opor-lhe? De enfrentá-lo? De causar danos ao grande rastreador? - então ele arremessa a pedra para Anya, que devolve a Terry - Isto é para se lembrar de quem você é, senhor Terry. Não se esqueça disto. Não é esta pedra mágica que lhe confere poderes.

E quando Anya anuncia sua retirada com o elfo para irem atrás do sumo sacerdote, o jovem Markas tem mais um momento desinibido e diz à maga:

- Perdoe-me, senhora, porém se lembra que o sacerdote Noah, quando ainda vivo, investigou as propriedades mágicas desta pedra e disse não tratar-se do poder divino de Selimon? Talvez eu esteja enganado, mas acredito que nem o sumo sacerdote de Selimon seria capaz de dar resposta diferente, visto que conseguem relacionar as energias dos deuses a que servem apenas. Não deveríamos nós buscarmos templos de outros deuses até que sejamos capazes de identificar a qual deus se relaciona esta pedra? Por favor, já nos atrasamos demais para nos apresentar ao castelo!

Anya percebe que o jovem Markas fez exatamente o que sempre o ensinou: valorizar o intelecto. Coisa que a própria maga falhou por um instante.

Lezard prepara os próprios pertences e arruma a cama na qual descansou da extenuante viagem. Após conferir duas vezes se havia pego tudo e deixado tudo no lugar para não atrapalhar os sacerdotes de Selimon, está pronto para seguir para o templo de Crisagom.

Bonnie fica parado e sente sua pulsação se acelerar quando um temor começa a passar por sua cabeça. Como conseguiria deixar a cidade sem suas armas? O risco envolvido é grande demais! Bonnie precisa recuperar seu armamento o mais cedo possível.

O sacerdote para por um instante e reflete sobre sua alegação, para então responder:

- Faz sentido o que você diz. Na verdade, basta que haja um ídolo profano que resista dentro deste solo sagrado, delimitado pelas paredes da catedral, para que este templo não estivesse mais puro. Ele ainda precisaria estar ligado a catedral, porém pode se tratar de algo pequeno, como um símbolo sagrado profanado ou um objeto de adoração aos demônios! Consegue perceber como o trabalho que Fintan Vidar tomou para si é difícil e de grande responsabilidade? Talvez ele só consiga terminá-lo dentro de um século!