Parte 2

Na mesa comunal onde Thartalion está, as discussões se tornam tão altas que mal se escuta a música. Lorde Roderick Karp escuta a sugestão do guerreiro e responde:

- Boa ideia, Thartalion. Será mais impressionante se chegarmos com o apoio em massa dos grandes cavaleiros deste reino. O rei então terá de se preocupar em contentar seus guerreiros, favorecendo a nossa posição. Dê-me alguns minutos para convocá-los.

Teste: Lorde Roderick Karp tenta influenciar os cavaleiros de Ludgrim: Hugar efetuou 1 lançamento(s) de dados (d20.) :

Enquanto isso, na mesa seleta do rei, as conversar prosseguem. Gaelor aprova a mensagem de sabedoria forjada no pingente de Markas e responde a Terry:

- Existe entre mim e Anya muito mais do que amizade. Um elo e juramento inquebráveis à magia e ao nosso mentor. É claro que você sendo um elfo não terá dificuldade em entender isso. - Terry sentiu uma leve hostilidade na fala severa de Gaelor, mas não a estranha. Elfos dourados são conhecidos pela sabedoria, pompa e arrogância. Ele parece ser do que tipo que leva tudo muito a sério.

Ewen Arkel distrai-se com as palavras de Oberyn e comenta com Lezard:

- Esse seu amigo da Levânia é muito ousado nas palavras. Ele soube contornar a mente de Aeron, mas por muito pouco nós não vimos o grão-mestre atacá-lo com o machado. Chamou Crezir como uma dos "deuses comuns"? O que ele pensa da nossa religião? Que idolatramos a ídolos de pedra apenas? É melhor que ele pense bem antes de dizer qualquer coisa em respeito aos deuses - então ele se volta ao assunto de Bael - O jovem é mais esperto do que aparenta ser. Mas será que o verrogari ficará satisfeito em derramar o sangue de outro que não o do eredri?

Finalmente, Aeron Petar responde a Oberyn após longos goles do ótimo vinho servido:

- Eu entendi qual o seu tipo, rapaz. No Forte do Sangue nós honramos todos os grandes guerreiros. Sejam eles devotos de Crezir ou não. Resta a você compreender que não há vantagem alguma em não o ser. Por que ser neutro quando se pode ter uma divindade ao seu lado em cada combate? Visite-me no templo e quem sabe eu esclareça sua mente, e quando você retornar a Levânia poderá converter a todos os grandes guerreiros de lá também. Agora, se me der a licença.

O grão-mestre troca de lugar na mesa e pede a permissão de Mirian para sentar-se ao lado de Terry. Só então Terry pode perceber o quanto Aeron é um homem intimidador. Mesmo com a idade, o líder da religião de Crezir em Donatar é grande e forte, e a armadura escarlate que usa é impressionante nos detalhes.

- Quem diria Terry, que um dia chegaria até a corte do rei de Ludgrim? - ele solta uma curta gargalhada - Você me parece diferente, não há necessidade em agir assim, o rei admira um grande guerreiro. Por que não foi nos visitar no Forte do Sangue? Passei os últimos meses fora, mas ninguém me contou que estava de volta a capital! Que reencontro o nosso, na corte do próprio rei! Só pode ser um ótimo presságio.

O rei faz sinal com as mãos e fala baixo, com sua voz sendo abafada pela conversa no salão e pela música:

- Meus amigos, peço-lhes que discutamos acerca do ataque dos desconhecidos cavaleiros na estrada em outro momento e mais reservadamente. Este é um assunto que eu quero discutir apenas com vocês, os duques aqui presentes e meus conselheiros. Não quero alarde na minha corte.

Abadrel fica imóvel e silencioso, perdido em devaneios, até ser desperto pela sacerdotisa de Lena com a qual dançava a pouco:

- Lucius? Aconteceu algo? Você ficou quieto de repente...

Vilbur se irrita e saca a arma, lançando palavrões a Bonnie e avançando para atacá-lo, mas é duramente repreendido por Sir Rumbald, profundamente cansado de tudo aquilo.

- Contenha-se Vilbur! E você, Bonnie seu insano, se quer tanto morrer eu vou dar o privilégio a Vilbur de limpar a honra e te mandar pro reino dos mortos! Saiba que em Ludgrim um cavaleiro tem bem o direito de fazer o que for preciso para manter o seu nome e o da sua família. Insulte a ele ou a família dele e terá certeza de uma morte, seja ela rápida ou não! Basta! Quer o privilégio do rei? Você o terá! Jozias, venha já aqui! Você está metido até as canelas nisso tudo. Bonnie está sob sua guarda e responsabilidade e eu o quero na frente do rei agora! Se quiser, amarre suas mãos, retire suas armas e amordace a maldita boca! E Vilbur, traga o moribundo! Todos vocês, no salão do rei agora!

Outros três guardas se dispõem a ajudar com o que for necessário. Sir Rumbald deixa o pátio do castelo a passos que lembram o caminhar de um elefante em fúria.

Gaelor concorda com a afirmação de Anya, silencioso. A sumo-sacerdotisa de Maira aceita dançar com Oberyn. Ele pega sua mão e se afastam mais para o centro do salão dividindo espaço com outros casais. Os bardos tocam uma agradável música.

- Sou Mirian Belaflor. Encantada em dançar com um nobre das areias da Levânia e herói do reino. - ela dança com muita elegância e sorri, claramente mais confortável do que na mesa do rei. Mirian não é mais tão jovem, humana provavelmente aos 35 anos, bonita e de roupas simples.

Gaelor concorda com a afirmação de Anya em silêncio. Ewen e Azrael Arkel se espantam com a descrença da maga insinuada pelo sacerdote Lezard, mas antes que pudessem comentar algo sobre Palier, o deus da magia, tem a atenção roubada pela cena que se forma na mesa entre Aeron Petar e Terry.

O grão-mestre de Crezir fica sem reação. Ele olha para Anya e Terry impassível até sua feição se transformar em confusão. A atenção de quase todos na mesa é roubada para o que ocorre.

- Eu não entendo. Como assim não se lembra de muito do seu passado? Perda de memória? Isso não faz muito sentido. Não se lembra de quem você é? Não se lembra de mim? Lutamos juntos nos contrafortes da nascente do Odem e em Castelo Dustam. Céus, você não pertencia as fileiras do Forte do Sangue não por falta de insistência minha. Seu lugar eram as florestas e as selvas, sempre foram. Não podia deixar você preso dentro de muros. A Presa Escarlate sempre foi bem-vinda em Donatar, contudo. Marcus? É claro que eu sei quem ele é.

As falas são cortadas por uma movimentação no salão. Mesmo o rei parecia muito interessado na história de Terry e Aeron, mas de repente um grande número de pessoas se levantou de uma das mesas comunais. Mais especificamente, a mesa onde se sentam Lorde Roderick e Thartalion Menelcar. Pelo menos uma dúzia de cavaleiros do reino de Ludgrim se levantam e se aproximam da mesa seleta do Rei Darniar. Um deles toma a voz:

- Meu Rei. Perdoe por essa intromissão. Sabemos que em breve abriria espaço para nossas reivindicações. Entretanto, nosso código guerreiro e o ideal de cavalaria nos fez compartilhar da questão de Thartalion. Podemos não compartilhar bandeiras, porém compartilhamos valores. Por isso pedimos, pela estima que sua majestade tem por nós, que permita a Sir Thartalion recuperar a sua honra o mais cedo possível.

As danças no salão cessam e os bardos emudecem a música. Há uma pequena perturbação na mesa do rei, mas ele faz sinal para que ninguém se levante e sobe a escadaria de volta ao trono real, onde se senta. No meio tempo Thartalion pode observar a reação de surpresa na outra mesa comunal, e que as expressões de Arthur e Bael revelam quase pavor. Certamente não esperavam por isso. Roderick tem tempo de orientá-lo:

- Não se levante ainda, espere que o rei o chame.

E o Rei Darniar, agora com o semblante muito sério, já ia se pronunciar quando mais um incidente sério acontece. As portas do salão do rei são abertas a força e violentamente por um cavaleiro velho em traje cerimonial. A entrada não foi anunciada como todas as outras. Ele avança diretamente para próximo do rei, e atrás dele seguem diversos guardas da guarnição do castelo, Sir Jozias junto com Bonnie, e alguém inconsciente vestindo um manto escuro cobrindo a maior parte do corpo sendo carregado por dois guardas.

Sir Rumbald lidera a frente. Sir Jozias e Bonnie seguem logo atrás os passos rápidos e firmes do capitão. Mais atrás seguem diversos guardas e Vilbur, dois deles carregando Nierom inconsciente. O interior do castelo impressiona a Bonnie pela grandiosidade. A fortificação parece invencível, e não falta de forma alguma o requinte de um palácio. Há guardas vigiando cada corredor do residência imensa. Ainda assim, os olhos de Bonnie são os de um ladino, não de um guerreiro. Haveria formas de penetrar no castelo, alguém que o conhecesse bem e estivesse determinado e preparado.

Finalmente, Sir Rumbald abre as portas do grande salão do rei. Violentamente. O salão é enorme e muito alto. Na outra ponta, o trono da realeza fica no alto de uma escadaria e atrás dele há uma passagem em arco de acesso somente do rei, se supõe. Duas enormes mesas comunais estão dispostas ao longo do salão, servidas de toda sorte de comida e bebida e ocupada por uma corte enorme de nobres, damas e guerreiros. Ortogonal a essas duas mesas e entre elas e o trono está uma mesa comunal menor e muito seleta, onde percebe-se sentar os convidados do rei (companheiros de jornada de Bonnie), o príncipe e a rainha - que impressiona pela beleza mesmo de longe - e os maiores sacerdotes e nobres do reino.

Uma dança parece ter sido interrompido a pouco, pois os casais estão parados sem música para dançar e observando o rei que se senta solitário no trono com uma expressão de espanto pelo interrompimento. Uma dúzia de cavaleiros do reino estão dispostos a frente dele e pareciam aguardar uma resposta quando Sir Rumbald invadiu o salão. Há muitas caras novas para alguém perceber a primeira vista, mesmo para Sir Jozias que já esteve no salão antes.

Vocês continuam nos próximos posts juntos com os outros.

Você pode tentar descobrir as intrigas que circulam na corte através do seu carisma com um teste de Persuasão ou Sedução, a depender do alvo. Quanto melhor o sucesso, mais ou mais secretas as informações que vai receber. Isso vai te custar algum tempo e há sempre o risco de chamar atenção desnecessária. Provavelmente, contudo, você não vai querer tentar isso imediatamente.