Parte 2

Os bardos iniciam uma bela canção de agradável melodia. A música invade o salão mas não atrapalha as conversas que se desenvolvem na corte. Abadrel, de sua posição privilegiada, pode ver quando Anabel saiu a andar pelo salão com o outro bardo, o tal do Bael. Qual a intenção dela?

Falando em Bael, ele e Anabel, a bela meio-elfa de seios fartos, se juntam com Anya e Terry. E não muito longe dali, Roderick, Thartalion e Oberyn conspiram:

- Este não é o momento adequado para esta conversa, nobre Oberyn Martell, mas esteja certo que a peculiar beleza de Anya não é o que me motiva. Estou com uma desconfiança a respeito daquele elfo e não quero deixar passar sem ter certeza de que estou errado. Thartalion, talvez seja melhor você não lutar contra Bael, terá um adversário muito mais desafiador... e não lhe faltará motivação. Não vai demorar muito agora.

E veem então quando Sir Jozias, um cavaleiro capaz de fazer Thartalion repensar sobre os guerreiros de Ludgrim, se junta ao círculo de Anya, Terry, Bael e Anabel. O cavaleiro tem uma surpresa inicial, pois desconhece Bael, porém reconhece Anabel. Lembra de ter visto a jovem cortesã outras poucas vezes na corte acompanhando nobres jovens.

- Cavaleiro, milady, milorde - Anabel cumprimenta a todos singelamente - Minha senhora, não pude deixar de perceber que o cavalheiro lhe dirigiu cortesias indelicadas. Talvez eu possa ajudá-la...

Outra leva de nobres e notáveis é anunciada e entra no salão, agora repleto de gente bem vestida. Entre os recém chegados, uma chama a atenção de Terry: a sumo-sacerdotisa de Maira, acompanhada por uma dúzia de donzelas e intocável agora no patamar elevado do trono real. Outra chama os olhos de Abadrel: a sumo-sacerdotisa de Lena e suas damas de companhia, sacerdotisas da deusa usando belos vestidos de cor púrpura e rosa exibindo belas pernas.

Finalmente, os guardas cerimoniais na parte mais elevada do salão tocam seus tambores. Uma elaborada e demorada coreografia com uma dúzia deles toma lugar. Os bardos silenciam a música e todos os convidados ficam a postos. O Rei a a Rainha de Ludgrim cruzam os arcos elegantemente e ficam a frente do trono. O castelão anuncia tão alto quanto sua voz permite:

- A Princesa das Fadas de Siltam, Duquesa de Donatar, Primeira entre as Belas, Protetora do Galatel, a Rainha Elorá de Ludgrim. O Conde de Balinor, Duque de Donatar, Senhor de Galatel, Filho do Primeiro Rei Eredil, Protetor Perpétuo e Legítimo do Reino, Guardião do Vale de Sumuta, Guardião da Muralha de Goguistá, Guardião do Odem, Primeiro entre os Cavaleiros, Príncipe Eleito de Kender, Guiado pela Sabedoria e pelos Deuses, o Rei Darniar de Ludgrim.

O rei se senta no seu trono dourado e a rainha ao seu lado. Todos no salão se curvam e se ajoelham no salão, até mesmo os sacerdotes no lugar de honra. Os monarcas vestem capaz verdes, vestidos longos com fios de ouro e cravejados de diamantes e outras pedras e trazem na cabeça as coroas de ouro, obras-primas de Parom. Carregam também nos pulsos e no pescoço belíssimas joias. Por minutos, o salão fica em silêncio e curvado enquanto o rei o examina. Por fim, a um sinal de sua mão, todos se levantam.

Nierom salta a cerca para fugir da baia sem ter que passar pela porta guardada por Bonnie e é golpeado pela espada do ladino. O corte atingiu a carne e Nierom não consegue segurar um gemido de dor. Ele se dirige para a saída do estábulo e deixa um rastro de pingos de sangue que se torna visível ao atingir o chão. É quase negro na escuridão do estábulo.

Nierom teve a EF levada a 4.

É a última chance de Bonnie de atingir o mago. Na rodada seguinte ele terá saído ao pátio e será praticamente impossível encontrá-lo. O cachorro continua latindo alto.

Bonnie se concentra, usa todo seu treinamento na guilda e sua experiência de vida, se vira na direção em que parecem vir os sons de Nierom e arremessa seu punhal. Apenas para acertá-lo numa coluna de madeira do estábulo.

Nierom conseguiu chegar até o pátio, grande demais para ser encontrado facilmente por Bonnie e um local onde consegue estancar o sangramento. Não deixará mais rastros de agora em diante. Mas está cansado e muito ferido, sabe que não vai aguentar mais um encontro com o ladino.

Ainda no estábulo, Bonnie descarrega a fúria de sua falha no ar, quando uma sentinela entra no estábulo, alertado pelos latidos do cachorro. Ao ver Bonnie, o guarda, que usa cota de malha por baixo da roupa, leva a mão até o cabo do machado pendurado na cintura.

- Quem é você? O que está fazendo aqui? - ele percebe o punhal preso na coluna de madeira - Isto aqui é seu?

Arthur se aproxima rapidamente do grupo de Anya, Terry, Sir Jozias, Bael e Anabel, mas ainda assim não descarta os cumprimentos formais:

- Que bela noite essa, não? Prazer, ilustre cavaleiro, sou Arthur Viestou, arauto do não tão distante reino de Eredra. Meus caros, como adiantado ainda nesse dia de hoje, meu amigo e companheiro de jornada Bael se meteu em maus lençóis e temo pela vida dele. Em pouco, após as premiações, o rei será interpelado por seus súditos nesse salão. Acredito que Roderick Karp tentará um duelo para limpar a honra de seu cavaleiro. Eu humildemente peço que, sendo essas as circunstâncias, o senhor Terry disponha a braveza e o aço por Bael.

Não longe dali, Roderick, Thartalion e Oberyn dialogam:

- Não, eu nunca o vi, me lembro de cada elfo que vi na vida. Não seja tão rude nobre Oberyn, cortesãs são objetos de exposição, não de uso. É como um cavalo campeão que se leva apenas para competir em torneios e nunca o coloca em um campo de batalha. Não são poucos os relatos de nobres que se casam ou mantem relacionamentos com cortesãs. Esta seria ainda mais bela se não fossem as orelhas de mestiça.

Junto de Abadrel, os bardos tocam segundo suas ordens e riem as escondidas.

- Você pode ser enforcado por isso! Hehehehe...

Abadrel deixa seu posto e se esgueira na direção das sacerdotisas de Lena. Percebe que não é fácil chegar até elas, pois estão no tablado do trono real. Sua trajetória é interrompida no meio do salão ainda pelo mesmo motivo que impede Anabel de expor suas ideias ao grupo. O rei se levanta para um pronunciamento, e os bardos calam seus instrumentos.

- Bem-vindos a minha humilde casa meus amigos, leais súditos e convidados. Hoje celebramos a bravura de homens e mulheres livres das obrigações e elos de vassalagem que lutaram e defenderam o povo da distante vila de Timor. Segundo os relatos que nos chegam, um pequeno exército selvagem atravessou de alguma forma nossa maior defesa ao Sul e permearam nosso território as escondidas. Não conhecemos as totais dimensões dos danos, mas seus planos foram frustados pela coragem destas pessoas que convidei para a corte esta noite. Quero que se apresentem e que todos saúdem os Salvadores do Reino.

O guarda segura a passagem de Bonnie com pouca delicadeza.

- Alto! Parado aí! O que quer dizer com isso? Explique-se homem! Como assim um assassino invisível dentro do muros do castelo? Isto é sangue na sua espada? O que ocorreu dentro do estábulo?

E ainda sob a insistência de Bonnie a gritar e chamar guardas, ele o pressiona com força e rudeza:

- Eu mandei ficar parado. Me explique o que aconteceu.

Nierom ouviu tudo.

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