Parte 1

Roderick faz um sinal sereno com a mão e diz:

- Acalme-se Thartalion. Muito me agrada ver que escolhi o homem certo para me acompanhar: leal e alerta. Os convidados do rei chegaram a cidade hoje ao entardecer e foram recolhidos na Catedral de Selimon. Pelo menos, é o que escutei na corte.

- Apesar de não ter certezas concretas, acredito que esses "heróis" estão na mira de alguém ou algum grupo. Minha primeira suposição é que o ataque não era direcionado aos homens do rei de Ludgrim, mas sim aos seus convidados. Eles devem saber de algo que prejudique alguém poderoso, ah sim... Por isto eu lhe designo esta missão. Mantenha-os vivos, no melhor de suas capacidades, até que obtenhamos as respostas as minhas indagações.

- O que você pretende fazer?

Arthur bebe um longo trago de vinho em desdenho ao seu humor e responde:

- Sabe, as vezes esqueço que não estamos em Eredra. Acho que aqueles bárbaros estão fazendo mal a minha personalidade. Bem, seja lá como for, faça como você quiser, mas faça bem e faça logo! Não temos tempo algum a perder!

Sevério Draco responde-lhe:

- Na realidade, este não foi o motivo do ataque à comitiva, mas foi bem executado e trouxe-nos grande vantagem. Por outro lado, a sobrevivência de alguns nos traz notoriedade, coisa que tentamos evitar.

- De fato, os orcs foram um elemento inesperado. Como estrategista, tentarei usar disso a meu favor.

- Temos um plano de longa data, na qual o amigo leva nos traz enorme vantagem sobre nossos inimigos. Tenho homens infiltrados em Donatar, porém nenhum na corte. Parece que Crezir veio igualar esta injusta desigualdade! - ele sorri cruelmente para você - O Rei Darniar convidou-o diretamente a sua corte, Oberyn Martell, não o decepcione! Cavalgue até a cidade, cruze os portões com seu corcel como um herói e conte a corte e ao rei como foi capturado por criminosos perigosos e... como derrotou e silenciou cada um deles. Invente a história que quiser, glorifique-se e afaste a atenção de nós. Em seguida, meus espiões lhe enviarão os próximos passos que deve executar do nosso plano.

Em seguida, Draco coloca a mão em seu ombro e diz:

- Glória pelo seu nome e seu povo até a morte!

Se for dormir, aguarde até que os outros cheguem também ao dia seguinte.

Sacerdotes da Catedral chegam apressados pelos corredores, sem entender nada direito. A maioria deles estava dormindo e veste apenas seus trajes de dormir, apenas alguns estavam de vigília e vestem seus mantos habituais. Eles invadem o quarto e retiram a tocha e a bebida das mãos de Bonnie enquanto dizem palavras de conforto a todos. Um deles explica:

- Não há nada a temer meu filho. Este templo foi erguido em solo sagrado e seres das sombras ou dos infernos não podem entrar aqui. Seria tão penoso para eles como é para nós andar em brasa. Acalme-se e volte a dormir, suas feridas ainda não se curaram.

Anya tenta se levantar e andar pelo quarto para examinar seus amigos, mas cambaleia de sono. Ela percebe que todos foram enfaixados e unguentados nas feridas e que provavelmente esses sacerdotes entendem mesmo de medicina.

Você se senta na fonte e a sensação ruim passa. Na verdade, uma estranha paz domina seu corpo. Você reage, tentando se manter vigilante. Ao observar a janela aberta na Catedral, vê as sombras dançarem no teto do quarto e finalmente distingue claramente a voz que gritou. Dessa vez, o homem berra: Sacerdotes! Sacerdotes! O som ecoa pelo templo todo. Em seguida, a luz do quarto fica fraca e as coisas acalmam. Provavelmente os sacerdotes foram mesmo ao quarto acudir o homem que gritava.

Um dos sacerdotes vai até a cama de Thalles e escuta o que o jovem rastreador diz, então lhe abençoa paternalmente e diz:

- Há uma Catedral dedicada a Maira na cidade, meu filho. Cuidam de um jardim esplendoroso. Amanhã pela manhã, eu mesmo irei até lá e pedirei para que um irmão venha até aqui para vê-lo. Agora relaxe e durma, e deixe que a paz de Selimon invada seu espírito.

O sacerdote faz outra rápida benção com as mãos e se afasta.

Lezard não reconhece nenhum dos servos de Selimon, porém está escuro e seus olhos estão cansados. De qualquer forma, você fecha os olhos e recupera sua fé de que amanhã retornará ao templo de Crisagom e poderá reencontrar seus confrades.

Anya é impedida de permanecer junto a Terry. Um dos sacerdotes explica:

- Geralmente não permitimos que homens e mulheres compartilhem o mesmo quarto, imagine a mesma cama! Abrimos esta exceção unicamente porque vocês pareciam muito agarrados uns aos outros e em respeito ao nosso rei.

Quando Anya oferece ajuda e indaga sobre Terry, a resposta é:

- Tratamos de todos os feridos com toda a dedicação, pode ter certeza. Nós, servos de Selimon, somos conhecidos como os melhores médicos do reino. Agradecemos a sua ajuda, entretanto, como médica, deve reconhecer que na condição em que se encontra, só pioraria as coisas. Agora, volte para sua cama e deixe seu corpo se recuperar. É o melhor que pode fazer.

E o mesmo sacerdote responde quando a maga sugere acalmar Bonnie:

- Esta não é a política do templo. O paciente deve estar agitado pelo trauma que sofreu recentemente. Ele deve recuperar por conta própria. Mas como pode atrapalhar a recuperação dos outros, vamos afastá-lo até que se acalme.

Ao gritos de Bonnie, os sacerdotes o contem:

- Acalme-se, deixe que a paz de Selimon invada seu espírito. Não há local mais a salvo das trevas e do mal do que esta Catedral! Respire com calma. Vamos levá-lo a um local onde poderá ficar em paz até por a cabeça no lugar.

Bonnie é levado por quatro sacerdotes pelo corredor, e por mais que se esforce, não consegue se livrar deles. Eles o levam até o primeiro piso, nos fundos da Catedral, onde ficam as celas dos sacerdotes. Bonnie é colocado sozinho em uma cela escura, cuja única luz e ar entra por uma janelinha minúscula na porta que dá pro corredor. A porta é trancada por fora e Bonnie enfrenta a solidão. Há apenas um pouco de palha no chão frio de pedra e uma tigela com água. Tudo fica em completo silêncio.

De volta ao quarto onde descansam os outros, um sacerdote escuta fortes batidas na porta principal da Catedral e desce para averiguar do que se trata.

- Alguma alma dolorida veio buscar refúgio.

A grande porta dupla principal não é aberta. Ao invés disto, uma porta menor, porém quase tão alta quanto, lateral, tem as pesadas trancas removidas por dentro. Ao fim, você escuta uma chave girar o mecanismo metálico da fechadura. A pesada porta é aberta apenas um pouco, e pela fresta você vê um sacerdote velho vestindo hábitos de vigília. Ele olha para você complacente e diz:

- O templo está fechado. Mas há alguma alma atormentada que busque abrigo? Podemos ajudar.

Roderick responde:

- O rei acredita que poderão se recuperar mais rapidamente no templo, mas compartilho de sua opinião, Thartalion.

Roderick lhe dispensa e você deixa o aposento. Você segue direto para o pátio com suas armas e posses e pede para que o portão do castelo seja aberto. Após alguma demora, a ponte levadiça é baixada e os portões abertos. Você cruza o fosso e logo em seguida o castelo se tranca novamente. Antes disso, entretanto, você buscou instruções de como chegar até a Catedral de Selimon.

As ruas estão vazias, apenas uns poucos guardas cruzam seu caminho, mas desistem de te incomodar após verem os brasões da casa real de Verrogar em sua túnica. Você chega até uma praça ampla, em cuja parte mais elevada está construída uma magnífica catedral. Na praça há uma fonte, árvores e algumas escadarias pequenas. À luz do luar, o prédio se ilumina de branco de forma fantasmagórica.

Não há ninguém na praça, e você está relativamente distante da entrada principal do templo. Porém, consegue avistar que alguém está debaixo dos arcos das portas da catedral aguardando. Em seguida, uma porta lateral menor é aberta por um sacerdote. Parece que os dois ainda não te avistaram.

Draco lhe dá algumas instruções:

- Peço-te alguns sacrifícios que você, enquanto soldado, não reclamará. Se chegar a Donatar faminto e sujo será mais convincente e comovedor, portanto não lhe fornecerei mais rações para sua viagem, nem equipamentos. Converse com meu batedor, ele é um excelente rastreador e lhe dará todas as direções para chegar em Donatar. Quando chegar na capital, não amoleça acomodado pelos manjares que lhe servirão. Relembre nosso código! Glória até a morte!

Você conversa com o batedor que lhe dá as direções a serem seguidas, junta seus pertences, monta em Alamut, e está pronto para seguir sua jornada.

Vocês dormem. Aguardem até o próximo dia.