Parte 1

Os sacerdotes cantam empolgados e vestem um manto branco de linho em você.

- Muito melhor que aquela roupa suja que você estava vestido quando chegou aqui. Aprecie sua nova vida, rapaz! Cultuar Selimon jamais trará algo de ruim para você! Diferente dos outros deuses belicosos, agressivos e vingativos. Tome, use um pouco deste perfume. Agora vamos para o culto que depois dele lhes serviremos café-da-manhã.

Você calça um par de sandálias de couro, termina de secar os cabelos e é levado pelos sacerdotes até o salão de cultos. A missa vai começar logo.

Markas sai junto com vocês, deixando o triângulo explosivo a sós dentro do quarto. O bom-senso diz que eles não tentariam nada dentro de uma catedral, mas o bom-senso não parece se aplicar a eles com muita frequência.

- Senhor Lezard, precisa de ajuda para andar? - Markas oferece-se para ajudar.

Vocês se reencontram com o sacerdote no fim do corredor que os recebe bem.

- Ah, que bom que vão comungar conosco. Vamos, vamos, reservamos lugares na primeira fila para vocês e seu amigo surtado de ontem a noite. - ele diz brincando.

Vocês descem uma escadaria até o salão principal.

Para não ter que retornar ao castelo, você encontrou uma estrebaria - por acaso também sobre controle real - onde pagou meia dúzia de cobres para guarda o cavalo, armas e armadura.

Em seguida você retorna à Catedral a passos rápidos. A praça está cheia de fiéis caminhando lentamente ao interior da bela construção de pedra. Você tem que admitir que em se tratando de arquitetura civil, Ludgrim parece ser capaz de superar os templos verrogaris. Por outro lado, o castelo real não parece ser capaz de suportar a poderosa artilharia do seu país.

Você não encontra ninguém que procurava e se senta em um banco comunal não ocupado ainda bem no meio da nave, para não chamar atenção. Um dos sacerdotes do templo passou por você e pareceu não lhe reconhecer. O coral começa a cantar, indicando que a missa vai começar logo.

Você retorna a Catedral, agora aberta e repleta de fiéis. O coral está cantando, e a missa está para começar. As pessoas que estavam na praça ao redor do templo entram para acompanhar o culto. Você entra também, porém fica no fundo, encostado em uma coluna mais na sombra, tentando não chamar atenção. A missa começa.

Anya, Terry e Joaquina ficam a sós no quarto. Quando Terry diz suas primeiras palavras depois de tanto tempo, Joaquina salta sobre ele na cama.

- Sim, Terry! Você está bem? Eu tentei te proteger naquele noite horrível dos cavaleiros. Seu corpo estava caído, porém eu sabia que você ainda vivia! Porém, após derrotar cinco ou mais daqueles cavaleiros e expor suas trilhas moribundas para fora, essa bruxa terrível - Joaquina aponta para Anya - invocou demônios das profundezas do inferno e nos separou!

O interior da Catedral de Selimon é belíssimo. Uma nave principal altíssima, teto abobado feito de pedras alvas finamente esculpido, sustentado por colunas, e duas naves secundárias laterais quase tão altas quanto. Vitrais esguios permitem que a luz entre e ilumine o interior sem necessidade de acender os candelabros de dúzias de velas e arranjos de cristal intrincados dispostos na linha central. Oito fileiras de bancos comunais se estendem do altar até as portas enormes do templo. No altar feito de mármore branco e azul, uma estátua de um homem representando Selimon com mais de dez metros de altura recebe os fiéis com braços abertos. De duas portas menores laterais ao altar, entram os sacerdotes. Contornando o interior suntuoso, uma sacada abriga os corredores que levam a outras partes da construção e o coral, disposto de modo que fique atrás dos fiéis e voltado em direção ao altar. Tapeçarias se estendem no chão na linha central e outras estão penduradas no teto, dispostas ao longo das fileiras. O local está repleto de flores, incensos, e imagens de anjos.

Fiéis lotam a catedral nesta hora tão cedo da manhã. O coral entoa cânticos belos e apaziguadores. Sacerdotes percorrem as fileiras de bancos recolhendo doações em cestas. Na primeira fileira, Bonnie se reencontra com Markas, Thalles e Lezard. Bonnie está de banho tomado, veste linho e cheira bem. O sumo-sacerdote entra, um homem grande, de longas cabeleiras e barbas castanhas, vestindo trajes cerimoniais brancos e dourados. Quem não o conhece, mas o vê de perto, descobre que na verdade ele é um meio-elfo, e pela aparência deve ter uns dois séculos de vida. Ele inicia o culto e apresenta os convidados do rei, na primeira fileira:

- Selimon trouxe convidados a esta casa, vamos todos recebê-los em paz. Estes homens e elfos lutaram nos prados de Ludgrim para defender seu povo de monstros sanguinárias. Eles lutaram para perpetuar a paz.

Os fiéis aplaudem e a missa começa.

Thartalion e Nierom, testem Observar.

O sentinela fica abismado, e quando se recupera do choque corre escadas acima para a muralha, voltando então acompanhado de um superior, que o examina e deixa escapar:

- É você mesmo?...

Então ele corre para guarda do portão gritando:

- Oberyn Martell chegou! O último dos convidados do rei chegou! Ele está vivo! Está vivo!

Sabe-se lá como, repentinamente você se viu cavalgando a trote lento as ruas principais da capital, escoltado numa fileira de dez cavaleiros da guarda da cidade, abrindo caminho numa multidão que o saúda e aplaude. Damas nas janelas das casas soltam lenços ao vento para você, crianças curiosas acompanham você pela lateral das ruas, imitando lutas de espadas e orcs. Ah sim, uma recepção à altura.

Earl também perdeu a hora. Ajudaria se o taverneiro não bebesse junto com os clientes. Juntos, vocês deixam a taverna ainda vestindo as botas e calças e correm em direção ao templo de Lena. No caminho, Earl usou a água de um cocho para lavar o rosto e matar a sede da ressaca. Sem planos vocês cruzam as ruas até chegar ao templo.

O templo de Lena é uma construção modesta perto da grandiosa Catedral de Selimon. Um belo jardim de roseiras de muitas cores contorna o prédio todo. Logo na entrada, duas estátuas de tamanho natural convidam a cruzar as portas principais: um homem e uma mulher nus. A arquitetura é muito elaborada e muito bela, enfeitando cada coluna, cada parede do templo. Trepadeiras e outras plantas enfeitam o local todo. Logo na entrada, um homem que se veste como alguém da corte analisa com cuidado várias folhas de papel. Ele olha para vocês e pergunta:

- Vieram para a competição de menestréis? Estão atrasados. Qual o nome de vocês? - e olha para os papéis aguardando o nome para verificá-lo na lista.

A cozinha do castelo é bastante ampla e bem guardada por pessoas armadas. Há bastante panelas e fogões aqui para cozinhar para um batalhão, literalmente. Há vários servos e criadas lá, e a que você conversa responde:

- Ora, já servimos o café, mas da próxima pode pedir a algum servo que levamos no quarto onde estiver alojado ou onde estiver.

Ela examina suas roupas e conclui se tratar de alguém importante.

- Sente-se na mesa, vou lhe servir pães frescos e bolos. Gosta de suco de laranja ou prefere cerveja? Quer frutas também?

Joaquina esbraveja:

- Mentiras! Mentiras desta bruxa asquerosa! Mentiras! Terry bateu com a cabeça e não se lembra, não é mesmo Terry? Diga que é! Vamos nós dois para o templo, Terry, vamos agradecer AOS DEUSES a nossa vitória e podemos aproveitar e tirar nossas dúvidas sobre matrimônio com o sacerdote!

Joaquina lentamente vai escalando a cama e de repente está quase em cima de Terry.

A missa prossegue. Thartalion, mais atento, percebe a figura do homem negro com robe vermelho no fundo da catedral, numa parte mais escura. Aparentemente, ele não lhe percebeu.

O culto é rápido, pouco mais de meia hora. Os fiéis rapidamente esvaziam o templo e iniciam suas atividades na cidade. O sumo-sacerdote segura Thalles, Lezard, Bonnie e Markas próximos ao altar para conversar.

- Sinto muito que ontem não pudemos ser propriamente apresentados. Meu nome é Fintan Vidar, sou o sumo-sacerdote deste templo há cinquenta anos, e patriarca da Igreja de Selimon em Ludgrim. Vocês chegaram muito feridos ontem, de tal forma que a simples medicina seria incapaz de tirar-lhes todo o risco. Bem, de agora em diante seus corpos saberão se recuperar sozinhos. Agora temos outro assunto a resolver: o que aconteceu ontem com este homem? - ele diz olhando severamente a Bonnie.

A maioria dos devotos já saiu, e tanto Thartalion quanto Nierom percebem que o sumo-sacerdote está conversando com quatro pessoas próximo do altar, os convidados do rei.

O homem da corte observa longamente o papel nas mãos, então ergue os olhos, o queixo e o nariz em três ou quatro andares e retruca:

- Não tem nenhum Abadrel Menestrel na lista. Não podem competir se não tiverem o nome na lista.

Então Earl vai até ele e aponta um nome na lista.

- Mas está na lista! É este aqui, não está vendo? - e solta meia dúzia de moedas no papel, que caem nas mãos do homem da corte.

O sujeito olha irritado para o taverneiro, então Earl joga mais três moedas para ele. Irritado, o homem da corte permite a entrada de vocês, debochando baixinho que não teriam chance alguma.

Vocês andam por alguns corredores, também repletos de decoração, e chegam ao pátio interno - um gramado com cerca de 30 metros de comprimento por 15 de largura. Cerca de 30 artistas e seus ajudantes estão afinando as gargantas e ajustando seus instrumentos enquanto são servidos pelos sacerdotes e sacerdotisas do templo. A vocês é oferecido vinho, meelbernil, pães doces e frutas.

A mulher te serve e trás também maçãs e goiabas. Você come muito bem - nada parecido com a dieta a base de carne eredri - e pega as frutas para comer depois.

O que vai fazer a seguir?

O povo se exalta ainda mais com seu discurso, certamente não estavam esperando por isso. Vocês atravessam as principais ruas da cidade e deixam a população para trás. No centro da cidade, você avista o castelo real. Uma construção magnífica, cercada de um fosso largo. As muitas torres, a ponte-levadiça, o portão, tudo é muito enfeitado e detalhado. Aparentemente, perde-se mais tempo para decorar o castelo do que para ergue-lo.

Ao avistar sua escolta, os guardas abaixam a ponte-levadiça e depois abrem os portões. No pátio interno, vocês são recebidos pelo castelão. O chefe dos cavaleiros que te escoltaram diz:

- Milorde, este é Oberyn Nymeros Martell, o último dos convidados de nossa majestade o rei. Apesar do estado de suas armas e trajes, garantiu-nos que está no ápice de seu vigor, portanto o trouxemos ao castelo, como ordenado.

O castelão responde:

- Fez muito bem, capitão da milícia. Nobre Oberyn Martell! Saiba que sua majestade o rei oferece-lhe toda sua hospitalidade em seu palácio! Temos um cômodo preparado que aguardava a sua chegada. Sinta-se livre para conhecer a magnífica Pérola do Sul, Donatar! O castelo está ao seu dispor também, basta pedir para qualquer guarda que lhe mostre o caminho. Sinto ter que deixá-lo tão cedo, o banquete para recebê-los será esta noite e há muito trabalho para um meio-elfo como eu. Seus companheiros chegaram ontem a cidade e foram recebidos na Catedral de Selimon, onde receberam cuidados médicos. Ainda devem estar lá.

Se não tiver nenhuma pergunta, o castelão se despede.