Cena 2: O Dia das Cinzas

Isabelle responde a Boris em inglês:

- Pensando bem, o mercado é grande, estamos no centro da cidade e você não é familiarizado com ela. Melhor continuarmos juntos por hora. O senhor chama muita atenção por onde passa, também. - Então ele o observa de baixo a cima e diz - Prefiro não imaginá-lo nu.

O partisan observa curioso as garrafas dentro do bornal de Vieira, sem precisar de maiores explicações. Ele complementa a explicação do russo a Sabão:

- Fomos emboscados durante a noite, estivemos sob o fogo de uma arma anti-veículos, e os que sobreviveram o fizeram por sorte e por coragem dos soviéticos que nos ajudaram. Acho que o inimigo não contava com eles. Abatemos poucos deles antes de conseguirmos efetuar a fuga. Imaginamos que tenham tomado o porto também. Então espere presença alemã ao leste igualmente.

Ele tira um pequeno relógio de bolsa e examina as horas antes de responder ao Sargento Wolff:

- Vamos nos encontrar às 12:40, exatamente. Eu ia sugerir a prefeitura, está próxima a nossa rota de fuga, porém está perigosamente próxima aos bloqueios nas ruas que avistamos quando chegamos. Há um pequeno parque escondido pelos prédios no meio de um quarteirão, há menos de 400 metros daqui. Vocês terão que ir até a ponta mais ao sul da marina, então pegar a rua paralela também ao sul. Bússolas serão úteis. Encontrem este pequeno parque lá. Eu me recordo de uma galeria pluvial subterrânea ali, que drena água para o canal. Podemos fugir por lá.

Isabelle reforça (em francês e depois em inglês):

- Lembrem-se: ponta mais ao sul da marina, encontrem o parque escondido dentro do quarteirão na rua paralela, estejam lá às 12:40 em ponto. Boris e eu vamos encontrar nossos agentes.

E então somente para Boris, em inglês:

- O que você sugere, Boris? Podemos ficar de tocaia em algum dos restaurantes próximos e de olho na igreja, até Lotta e Cristhian aparecerem.

Robert executa seu plano com precisão, recolhendo o lixo das lixeiras e discretamente o papel sobre as mesas. A certo momento, o tenente está em seu momento mais próximo dos oficiais, e observa o militar de maior patente ouvindo um relato pelo rádio, distorcido pela estática. O oficial responde por um microfone com instruções claras e objetivas, percebidas pela forma como foram enunciadas. Robert, é claro, não entendeu nem uma palavra, mas a figura do oficial debruçado sobre a mesa revela que ele está monitorando alguma atividade importante.

O inglês se arrisca e recolhe o que pode, sem prestar muita atenção ao idioma que rabiscava os papéis. Foi nessa hora que outro dos militares se voltou determinado ao "faxineiro". Robert não o encarou nos olhos, nem foi preciso, pois sabia que o inimigo havia desconfiado de algo. Imediatamente, o tenente fecha as bocas dos sacos e se dirige rapidamente à saída, deixando o carrinho de lado.

Enquanto isso, Daniel chegava novamente ao topo da escada, suando frio e com o corpo todo travado tentando ocultar o próprio rosto. Para seu alívio, seu colega de faxina finalmente deixava a sala com dois sacos de lixo suspensos nas mãos. E então veio o eco de uma ordem vinda da Ponte de Comando, um alemão que os ouvidos de Daniel sofreram para traduzir:

- Revistem o faxineiro!

E o alívio pulou de cabeça do alto da escada, porque, ao menos na cabeça de Daniel, o inglês havia acabado de enviá-los para uma cova rasa. Os dois soldados do lado de fora da porta atendem imediatamente e engatilham os rifles em intimidação. Vocês são jogados contra a parede na própria escada ao mesmo tempo que vieram as ordens dos soldados. Outro soldado, que estava dentro da sala, sai para observar a ação enquanto os outros dois revistam vocês.

Qualquer ação irá requerer um teste de Frieza. Se falharem, correm o risco de entregar o disfarce.

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Vocês três seguem por uma estrada de terra batida visivelmente pouco utilizada. O terreno aqui é igual a todo o resto que você atravessou até agora ao sul do Sena, uma terra muito plana e baixa, do tipo que dificulta muito a visão por falta de um ponto alto de observação, e tomada por charcos aqui e ali. A diferença é que mais próximo de Honfleur surgem também mais árvores e pomares nas fazendas, ao invés das amplas pastagens de antes. A cerca-viva os acompanha pela esquerda, e os cercados convencionais de madeira pela direita na estrada estreita e sinuosa.

Norman detalha os acontecimentos desde que o grupo se separou no planador:

- Logo depois que vocês saltaram, após o rádio, Fasbarch tentou sustentar o planador a todo custo, apesar dos ferimentos no tórax. Pulamos sobre o Sena, a baixa altitude, sob as ordens do Segundo Tenente Locksley. Nós quatro sobrevivemos ao salto, e o Primeiro Sargento Theofilakis foi o primeiro a conseguir nadar até a margem. Fasbarch ficou preso no paraquedas e não conseguiu subir, então eu e o Segundo Tenente mergulhamos para soltá-lo das cordas. Por Deus, eu não conseguia enxergar nada naquela merda daquele rio! Estava tudo escuro pela noite e pela própria água turva. Mas se não fosse pelo Tenente, estávamos os dois, eu e o piloto, mortos agora.

Você cruza as informações na sua cabeça e cogita se isso aconteceu muito antes de vocês encontrarem a patrulha inimiga.

- Depois disso, bem, realmente não me agrada discordar do líder da missão, mas o senhor sabe como oficiais são. Eu e o Tenente tivemos uma espécie de... argumento. Aquele homem corajoso que salvou a vida do seu subordinado já não parecia ser o mesmo. Estava se tornando evidente que a missão havia sido comprometida e de que, talvez, Fasbarch não sobreviveria. Então o Tenente Locksley começou a conspirar planos comigo e com Cristhian para assassinarmos o piloto e desfigurá-lo para confundir o inimigo! Veja, senhor, eu sei que estamos em guerra e em solo inimigo, mas há melhores maneiras de fazer isso, e todo soldado merece dignidade no combate e na morte. - Você percebe claramente que Norman não superou este episódio ainda - Eu enfrentei o Tenente, e ele cedeu. Gastamos nossa morfina para mitigar o sofrimento de Fasbarch. Eu o carreguei até onde pude, meus ombros ainda doem. Ele não sobreviveu aos ferimentos no peito.

Dado que o piloto não suportou muito, você imagina que já teria cruzado o Sena antes da morte de Fasbarch.

- Depois disso nos ocultamos na mata, nos bosques na beira do rio. Tínhamos - e ainda temos - poucos recursos. Justo quando acendemos o primeiro fogo, identificamos uma patrulha no rio. O Tenente preparou uma emboscada. O maldito ainda prefere lutar sozinho, e superprotege o radialista. Eu não gosto disso, senhor. Espero que não se aborreça muito de eu ficar reclamando, mas fico pensando como teria sido ter estado no seu grupo.

Essa patrulha, e esse combate, provavelmente foram os que te acordaram. As marcas de acampamento que você encontrou casam com o que Norman conta.

- Então aconteceu a maior bagunça até agora. Em uma pastagem não longe daqui, nós nos ocultamos em um canal e vimos dois grupos se aproximar, em um movimento de pinça. Sinceramente não sei como não nos cagamos todos. Houve uma certa troca de tiros, mas então tudo ficou claro e na verdade havíamos encontrado os partisans que, na teoria, estavam nos esperando no campo de pouso. Há soviéticos com eles também, soldados, eu não entendi isso direito ainda. O líder francês, um tal Isabelle, disse que eles foram emboscados na estrada. Eu não sei detalhes, o senhor terá de ver isso pessoalmente, ou com nosso amigo Pierre aqui, ele estava junto.

Vocês se aproximam da entrada da fazenda. Junto com sua ação e falas, role Atenção.

Resultado do Combate:

Tão logo escuta os passos, você se posiciona em frente a escada e aponta a pistola para o alto, segurando firme com as duas mãos e os braços esticados. Madame Lotta se coloca ao seu lado, segurando o revólver com apenas uma mão e o olhar mais determinado que você já viu.

Bastou um segundo na posição para que o primeiro vulto surgisse no topo da escada. Foi tudo muito rápido, mas no momento pareceu como se tudo acontecesse em câmera lenta. O treinamento recebido na Legião Estrangeira, as horas passadas na sala de aula e no estande de tiro, todas as vezes montando e desmontando a maldita pistola. A primeira bala carregada na câmara, seu indicador sentindo o gatilho tensionado pela mola. E então você alinhou a massa de mira bem no meio das alças com o olho que usava a melhor lente e, antes que percebesse, disparava a primeira bala. Seus braços amortecendo o recuo, as mãos estabilizando a pontaria, e a espoleta detonando a munição mais uma vez. Seus tiros se alternavam com os de Madame Lotta, o som dos disparos ensurdeciam os gritos histéricos das mulheres, e das vítimas vinha apenas o silêncio.

Os corpos rolaram ruidosamente pelos degraus, e os alemães estavam mortos antes de chegarem ao térreo. As pistolas deles dispararam algumas vezes, mas encontraram apenas o teto como fim. Você acertou o inimigo três vezes no peito e uma na perna, e deve ter acertado alguma artéria principal porque o choque o matou rapidamente, tingindo o tapete da escada de vermelho vivo. O sexto disparo vindo da arma de Lotta acertou o crânio do inimigo já morto aos seus pés, e esvaziou o tambor do revólver.

E apenas então você pode sentir a tensão, os batimentos acelerados, as mãos suando. Você esteve perto de morrer e enfrentou o inimigo por sua vida! As mulheres que estavam de refém fugiram imediatamente, e o caminho está desimpedido para o segundo andar. É provável, contudo, que o som dos disparos tenha sido ouvido até nas ruas próximas. Espere companhia logo.

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Vocês começam se dividindo em dois grupos, um de brasileiros (Sargento Wolff, Sargento Francisco e Soldado Vieira) e outro tendo Boris e Isabelle. Os brasileiros avançam pela nave até a saída que vai em direção ao campanário (torre do sino, externa) da igreja, enquanto o soviético e o francês aguardam antes de deixar pela saída lateral por onde entraram. O Irmão Rodolphe aparece conversando com uma idosa, caminhando lentamente em direção ao altar. Ele vira o rosto para vocês e, percebendo sua saída, apenas retorna a conversar com a senhora.

Todos vocês chamam muita atenção ao andar pela igreja, e talvez apenas Isabelle pareça o menos suspeito dali. Vocês notam que todos os olhares dali são dirigidos a vocês e que as senhores e fiéis murmuram coisas quando passam. Deve haver umas 20 pessoas dentro da igreja no total, todos em grupos pequenos, no máximo trios. Enquanto uns rezam ajoelhados ou admiram as imagens, outras se limitam a fofocar.

A beleza do interior da igreja vai desaparecendo enquanto vocês se dirigem à saída, e Dinho é o primeiro a alcançar a claridade da porta no fim da nave. Antes que seus olhos se acostumassem à luz externa do dia, seus ouvidos acusaram o sinal de alerta, seus tímpanos ressoando pelos gritos de medo dos franceses na praça, e logo tudo fez sentido. Antes mesmo de cruzar a porta, Dinho vê um grupo de combate alemão inteiro avançando lentamente contra esta face da igreja! São 8 homens divididos em dois grupos, um de cada lado do campanário, a maioria armada de rifles.

Ao mesmo tempo, Boris é o primeiro a chegar na entrada principal da igreja, pela lateral da nave, e avista outro esquadrão inteiro na praça! São dez homens, três deles preparando uma metralhadora na caçamba de um caminhão coberto de lona, alinhado com a porta da igreja. Os franceses nas ruas e na praça da igreja fogem assustados dos soldados alemães. Os soldados estão ajoelhados, seus rifles apontados para a igreja, apenas aguardando a ordem do líder do esquadrão.

Não há sinais do outro padre que deixou a igreja.