Cena 2: O Dia das Cinzas

Uma vez que a tal igreja, o ponto de encontro para a manobra prevista no Protocolo Cinza, fica no centro de Honfleur, vocês decidem por entrar logo na cidade por esta via logo a frente de vocês, já que Vieirinha não havia avistado nenhum tipo de patrulha nazista.

Vocês logo ficam impressionados com a arquitetura francesa. As ruas são todas de pedras cortadas muito bem assentadas, as casas são altas e cheias de chaminés, muitas vezes de pedra, e coladas umas as outras. É tudo muito diferente do Brasil que vocês deixaram não havia nem um mês ainda. As ruas estão movimentadas de gente e carroças puxadas por animais, e há muitos carros estacionados no meio-fio, sinalizando um recente corte na provisão de combustível à cidade. Pessoas vão de um lado a outro comprando comida, levando roupas para serem lavadas, carregando e descarregando carroças, lendo jornais - enfim, Honfleur é uma cidade viva, e tudo confirma a ideia de que havia sido poupada da guerra, até agora.

Não há nenhum sinal de patrulha até agora e vocês se movimentam na direção que pensam ser o centro da cidade. Nenhum francês se incomodou de sequer passar perto de vocês, exceto alguns olhares desconfiados e nojentos. Determinem como pretendem encontrar a Igreja de Santa Catarina e qual o plano se virem alguma patrulha ou bloqueio.

Uma foto bem antiga da cidade (~1900) só pra ilustrar.

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Você grita em francês mas não tem certeza se eles compreendem devido ao seu sotaque forte. Você escuta o outro lado gritando ordens em inglês, e identifica palavras como "granadas" e "metralhadora". Um dos soldados do outro lado grita quase desesperado pra vocês em francês:

- Somos aliados a França Livre, identifiquem-se!

Neste momento, Isabelle toma um gole de coragem, guarda o revólver na cintura, põe as mãos pra cima e começa a subir o pequeno talude do canal, identificando-se ora em francês ora em inglês e saindo do meio do mato:

- Somos amigos! Cessar fogo! Somos amigos! Sou um partisan da Resistência Francesa!

Os demais soviéticos praguejam baixinho a burrice de Isabelle e mantem as armas preparadas e as cabeças baixas.

Robert vira o corpo na direção do canal, seus oponentes estão muito próximos e é arriscado atirar dessa posição. Quando grita suas ordens, Norman responde:

- Ainda temos granadas, senhor! Pronto para arremessar ao seu comando! Sten pronta pra atirar novamente!

No que Cristhian continua gritando em francês sobre a filiação do seu grupo, outra mensagem vem do outro lado. Enquanto Robert examina a fileira de vegetação na beira do canal, ele desvia a luneta para um homem que surge lentamente com as mãos para cima, saindo lentamente do seu abrigo. Ele grita:

- Somos amigos! Cessar fogo! Somos amigos! Sou um partisan da Resistência Francesa!

O homem deixa completamente o abrigo do canal com as mãos para cima. Robert percebe que se trata de um sujeito comum, vestindo roupas civis comuns surradas e usando uma boina para esconder a calvície aparente. O sujeito examina o canal adiante e vê Norman e Cristhian nos olhos.

O tenente estava certo, um dos lados era amigo.

Resultado do Combate:

O partisan francês que acaba de deixar o canal vai baixando as mãos e identifica a alta patente de Robert, se apresentando ao tenente (em inglês):

- Eu sou Isabelle, o líder dos partisans que vocês deveriam encontrar. Suponho que sejam a força de apoio enviada pelo General de Gaulle. Temos aliados soviéticos no canal.

Quando Isabelle aponta na direção do canal, Boris dá ordem para que os soldados avancem lentamente até a curva logo adiante, para que o outro lado possa vê-los. Ali, Norman e Cristhian observam quatro homens de feições estranhas surgirem, um após um, da vegetação do canal. Eles vestem fardas estranhas, típicas do leste europeu, e tem as identificações ocultas.

Quando finalmente a tensão decresce e as armas baixam, outra rajada de submetralhadora corta o ar, acompanhada por uma saraivada de tiros de rifle. Todos se jogam na vala do canal novamente, e Isabelle por pouco não dá um mergulho na água rasa. Robert rola pela grama e se coloca de frente ao grupo grande novamente, que abriu fogo contra vocês. Norman foi atingido de raspão no braço antes que pudesse se abrigar, e xinga:

- Mas que merda! Quem está atirando na gente agora?!

Robert observa pela luneta. Um homem carregando uma submetralhadora está a frente do grupo e abriu fogo, seguido por alguns outros. Antes que pudesse perceber qualquer outro detalhe maior, tem a perna rasgada por um tiro de rifle. Foi muita sorte, pois na posição que ele se encontra, o tiro de raspão na perna poderia ter sido um tiro certeiro na cabeça.

Você está entre 250 e 300 metros do canal. Não é possível ver direito, mas parece que um homem saiu com as mãos pra cima do meio da vegetação que cresce no canal. Seus maiores temores se confirmaram, você reconhece a boina do sujeito. É Isabelle! Você não sabe como, mas aquele pequeno grupo acaba de render Isabelle! Onde estão os soviéticos que deveriam estar protegendo o sujeito?

Sem muito tempo para pensar, você freia a corrida, se ajoelha para melhorar a pontaria, e abre fogo com a submetralhadora contra o inimigo. Os partisans veem logo atrás, e crendo que você teve um bom motivo para atirar, muitos deles disparam contra o grupo também. Madame Lotta é uma delas, e mirou justamente no soldado armado de rifle deitado no pasto, talvez um sniper. Ela se aproxima até que possa gritar para você ouvir:

- O que houve?! Por que estamos atirando?

†_Junior_† efetuou 3 lançamento(s) de dados (D6.) :

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Resultado do Combate:

Robert grita as ordens para que os soldados recém chegados protejam Cristhian enquanto se arrasta na relva em direção à trincheira improvisada formada pelo canal e, antes que pudesse terminar o giro do corpo, é alvo de uma rajada de submetralhadora. Robert protege a cabeça com os braços instintivamente e as balas rasgam a terra próxima a centímetros de distância. Em um tremendo infortúnio, um dos disparos acerta a luneta do rifle e destrói as preciosas lentes do sniper. Apavorado, o tenente se levanta e corre na direção do abrigo. Um tiro certeiro atinge seu ombro esquerdo em cheio, e Robert desaba na água rasa do canal, incapaz de conter o gemido da dor excruciante.

O soldado Norman socorre o tenente imediatamente, recolhendo-o da água e recostando-o no abrigo do talude.

- O senhor foi atingido! Aguente firme, vou estancar o sangramento! Médico!

Neste tempo, Boris deu ordem aos seus soldados para se abrigarem na trincheira natural e retornar os tiros. O inimigo é um bando grande, de pelos menos 15 elementos, disparando em campo aberto a uns 250 metros. Boris cautelosamente observa o terreno através da vegetação que margeia o canal. Ele não gosta muito do que vê. Não é possível ter muita certeza, mas aquele grupo não veste uniformes e com certeza não assume formações militares. É muito pouco provável que sejam os mesmos alemães que os emboscaram tão precisamente horas atrás.

Um tiro próximo obriga Boris a se abrigar completamente e perde a visão da campina.

Os demais partisans se aproximam e abrem fogo com os rifles e submetralhadoras pilhados do planador. Vocês formam uma linha de tiro mal organizada, a maioria atirando de pé e de muito longe para a habilidade do atirador. O Isabelle caiu (ou foi puxado) dentro do canal, e uns poucos tiros vieram em resposta. Você desvia a pontaria para o sniper sozinho na relva e dispara em rajadas curtas para tentar compensar a mira. As primeiras rajadas o colocam pra correr em direção ao canal, e você prontamente acerta o miserável! Pelo jeito que ele caiu, foi uma bala e tanto em cheio nas costas!

Madame Lotta segura o seu ombro e grita por cima do barulho dos tiros:

- Devemos nos aproximar mais, não vejo nada daqui!

Vieirinha sonda mais uma vez os arredores e, ao que tudo indica, a sorte continua com eles. Vocês continuam seguindo na direção que parece ser o centro da cidade, vez ou outra procurando marcos para se localizar no mapa que dispõem.

O cheiro de peixe e água parada inunda as ruas e vocês adivinham na hora que estão se aproximando do seu destino. Os prédios aqui são todos altos e colados uns nos outros, de até cinco pavimentos. Foi então, quando vocês dobraram uma esquina, que a sorte pareceu abandona-los. Vocês deram de cara com uma multidão que se aglomera rapidamente nas ruas que margeiam a marina e o porto. Soldados alemães estão inspecionando todos os veículos que trafegam na região, em geral caminhões, assim como abordando ostensivamente os trabalhadores portuários para revista.

A multidão está visivelmente ofendida com a manobra alemã, e muitos franceses gritam irritados na direção dos alemães. Não é necessário entender francês para saber o que gritam. Os franceses superam em umas dez vezes o número de soldados. Os alemães, por sua vez, estão armados com rifles e submetralhadoras, e devem constar de um ou dois pelotões. Vocês não conseguem identificar nenhum oficial, e a confusão cresce rapidamente. Imediatamente vocês buscam uma casa com jardim para se disfarçar, mas o plano falha pois há apenas prédios altos e colados nos arredores.

Sabão identifica o que parece ser a torre de uma igreja há menos de 200 metros, perdida entre os telhados dos prédios e próximo a marina. Ele aponta para Vieirinha, que imediatamente reconhece a estrutura de madeira, e vocês acreditam se tratar do ponto de encontro. O caminho imediato para chegar até ela passa, contudo, pelo bloqueio das tropas alemãs. E quando pensam em procurar uma rota alternativa, um caminhão do exército chega pela rua por onde vieram e descarrega outro pelotão nazista, que veio dar reforços ao pelotão ameaçado pela multidão.

Ruas do porto e marina de Honfleur, onde vocês estão. É possível avistar as embarcações próximas da onde vocês estão.