Parte 2

Os bardos apresentam-se a Abadrel como Teovas, Rubens e Ivan. Eles claramente não estão concordando bem com as coisas ditas por Abadrel. Eles terminam o diálogo quando Bael chama a atenção da corte.

Bael toma uma posição de maior destaque e começa seus relatos, tentando manter a voz firme:

- Vossa Alteza, eu estive na Catedral de Selimon esta manhã para encontrar vossos heróis e convidá-los ao castelo, como pedido por meu senhor Arthur Viestou. Devo ressaltar inclusive, majestade, que a angelical arquitetura da Catedral é capaz de fisgar até mesmo os corações frios dos bárbaros volins. Como eu dizia, o que eu presenciei dentro daqueles muros sagrados foi repugnante!

Ele aguarda um pouco para causar o efeito desejado e perceber a reação dos nobres da corte:

- Vossa Alteza Real, o príncipe Artafael, pode confirmar como foi desonradamente tratado por Thartalion Menelcar e mesmo por seu convidado Bonnie, o ausente, na nave da Catedral, quando sua única e nobre intenção era se encontrar com os heróis de Timor.

Pela primeira vez na noite, Roderick Karp não pode esconder o incômodo que sentiu. Um murmúrio surge no salão. O príncipe continua sentado no trono, imóvel, mas deixou escapar um meio sorriso. Ao não negar a alegação de Bael, assume-se que diga a verdade. Bael continua:

- Aconteceu também que após a retirada do príncipe, mais tarde neste mesmo dia e ainda na Catedral, que Thartalion tentou assassinar um sujeito nas portas do templo! Não houve nenhuma provocação ou ameaça e eu estava lá, vi tudo com esses olhos que ainda tenho. E teria conseguido não fosse a atuação da guarda da cidade e dos acólitos. Eu ajudei Bonnie a escapar deste maníaco e a chegar até o castelo. Não bastasse isso, Thartalion ameaçou-me de morte dentro deste castelo por provocação nenhuma, e disso seus convidados são testemunhas!

A polêmica discussão toma a corte e o rei claramente não sabe o que pensar. Agora, até mesmo os nomes de Anya, Terry, Oberyn, Lezard e o restante dos heróis é colocado na acusação como testemunhas. Roderick Karp aproxima-se de Thartalion e diz no ouvido:

- Hora de nos adiantarmos e agir. Peça o duelo por sua honra ao rei. Eu o ajudarei em seguida e você poderá matá-lo.

Antes um pouco que Sir Jozias interferisse, Vilbur agarra Bonnie pelos ombros - que ainda é mantido seguro pelos outros guardas do castelo - e discute enérgico:

- Você está escondendo o que sabe! Não havia dito nada de uma guilda de assassinos e até pouco dizia não saber quem ele era ou seu propósito!

Quando Sir Jozias interfere, os guardas estancam, indecisos. A maioria reconhece Sir Jozias. Vilbur e o cavaleiro se reconhecem mutuamente. Vilbur é filho do barão de Grima e tem direito a sucessão do título. Serve a guarnição do rei de Ludgrim na esperança de agradá-lo e de ganhar o título de cavaleiro. Sir Jozias acumula mais veteranice e mérito, e ambos nunca tiveram muito contato entre si.

Vilbur controla o tom de voz e tenta explicar a Sir Jozias:

- Este sujeito está escondendo algo! Alerta primeiro de um assassino invisível dentro dos muros e agora acaba de tentar silenciá-lo! Diz agora saber de uma guilda de assassinos na cidade! Está escondendo o que sabe e se depender de mim vou arrancar cada palavra de suas tripas nas masmorras se ele não cooperar! - e percebendo a possível indignação de Sir Jozias, completa - Ele está colocando a vida da família real em risco!

Durante a discussão os guardas ainda imobilizam Bonnie. Uma poça de sangue começa a se tornar visível no chão, brotando do nada.

A corte se espanta com a reação de Thartalion. Os nobres e damas murmuram entre si. Certamente, Thartalion causou duas impressões: a de ser um cavaleiro que leva a própria honra muito a sério; e a preferência pelo aço ao invés das palavras. Isso causa ambos admiração e antipatia.

O rei Darniar observa a todos com um olhar severo e justo. Ele inclusive lança um olhar ao próprio filho, que não desmente as alegações. No ápice da seriedade, o bardo - o mesmo repreendido pelo príncipe mais cedo na festa - exclama seu escárnio. Imediatamente, o riso se espalha pelo salão, e mesmo o rei não resistiu a gargalhar.

- Pedi que me trouxessem o melhor menestrel de Donatar e vejam, trata-se também de um talentoso bufão! - o riso do príncipe desaparece quando ele é mencionado.

Nem mesmo as sacerdotisas de Lena resistem. Após a quebra de tensão, o rei torna-se sério novamente e proclama:

- Vocês terão a minha justiça, mas não agora. Vamos terminar a homenagem a esses heróis do reino e então retomaremos esta questão.

A um sinal de Darniar, a rainha Elorá se levanta do trono e carrega uma bandeja de prata até próximo de vocês. Desta distância, a beleza de Elorá é inebriante. É como se seus olhos não quisessem mais afastar o olhar da face da rainha. Seus traços finos e élficos remetem a beleza de seu título Princesa das Fadas. Ela exala um agradável odor nunca sentido por nenhum de vocês e difícil mesmo de definir. Jamais esquecerão esta cena pelo resto das vidas.

Da bandeja de prata, o rei Darniar retira anéis e os oferece a cada um de vocês, enquanto discursa:

- Os anéis mágicos de Ludgrim são forjados pelas milenares forjas anãs e encantados pelos feitiços élficos. Apenas seu legítimo portador suportará seu peso e qualquer outro dedo não há de servir. Estes anéis não conferem poder ou força para quem quer que o use, mas indica a quem quer que os veja que seu portador é poderoso e forte. Anéis de ouro para a família real, de prata para os escolhidos das divindades e de aço para quem agiu pelo aço. Espinhos para para os cavaleiros, rosas para as damas e coroas para ambos. Deste dia em diante, que todo aquele imbuído de alma e que ande pelo reino de Ludgrim reconheça em vós a minha própria presença e tema.

Ao colocarem os anéis nos dedos, eles se ajustam perfeitamente. Todos os anéis são feitos de um aço místico finamente adornados com o desenho de uma coroa. Apenas o de Anya é entalhado com o desenho de uma rosa, enquanto os dos outros é entalhado com espinhos. Seus nomes surgem magicamente no entorno do anel quando a correta luz é aplicada.

- Finalmente, eu tenho orgulho em chamar-lhes de meus amigos. Pelos valorosos serviços prestados ao meu reinado, eu os convido a residir no meu palácio e a desfrutar das regalias da corte.

Vilbur segue com Sir Jozias enquanto Bonnie é mantido preso. Com o cavaleiro, Vilbur é relutante, mas cede sob a condição:

- Faça como quiser, cavaleiro. Mas você estará responsável por qualquer merda que este idiota causar, e eu serei o primeiro a delatar você se isso acontecer. Agora explique isso para o capitão Rumbald, ele está chegando.

E de fato, Sir Rumbald se aproximava de Bonnie e dos guardas, quando Sir Jozias e Bilbur retornavam. Os guardas prestam o devido respeito. Sir Rumbald tem quase 50 anos e é um touro de homem. O rosto é duro e cheio de cicatrizes e é o primeiro na confiança do rei. Há três décadas ele serve como soldado e líder e já demonstrou inúmeras vezes sua bravura e sagacidade. Ele veste armadura de placas que distingue seu elevado cargo, calça botas e luvas boas, e usa capa verde. Suor escorre pelas entradas do cabelo grisalho, indicando ele que correu bastante recentemente.

- Expliquem isso. - ele diz da habitual maneira ríspida apontando agora para um corpo inerte e ferido caído no chão próximo a feixes de lenha aonde antes não havia nada. O corpo veste folgada roupa de servo e encobre quase todo o corpo e cabeça com um tecido espesso.

Thartalion se retira para mais parte de Roderick, assim como Bael o faz para Arthur. O rei e a rainha sobem os degraus de volta ao trono real.

- Que se iniciem as festividades!

As duas mesas comunais enormes são ocupadas pelos nobres e suas damas, e muita comida e bebida é servida. Além disso, uma mesa comunal menor é disposta ortogonal em relação as outras duas logo em frente a escadaria que leva ao trono. Nela, sentam-se apenas a família real, os altos sacerdotes presentes, os conselheiros do rei e seus convidados que acabaram de receber os anéis.

Arthur e Bael, Roderick e Thartalion, sentam-se em mesas distintas. Terry, Anya, Oberyn e Lezard podem escolher se querem se sentar próximos a alguma das personalidades presentes na mesa mais seleta. O rei diz, tentando superar a voz de toda a corte:

- Eu mandei que trouxessem o melhor menestrel de Donatar. Agora, apresente-se! Faça música! Cante-nos suas histórias!

E depois se vira aos convidados na mesa:

- Agora deliciem-nos com suas histórias de bravura, heróis de Timor! Estamos sedentos para ouvi-las.

Neste momento vocês podem agir livremente. Não é preciso que narrem a campanha toda sistematicamente. Basta contar os causos mais impressionantes que passaram ao rei, e podem mesmo inventar os detalhes que quiserem para que fique mais interessante. Quem quiser pode também se aproximar para conversar com algum dos personagens importantes. Tenham em mente que o rei não se importa em ouvir "mentiras" ou exageros dos seus feitos.

Sir Jozias examina o corpo. O suposto assassino ainda respira e está vivo, porém inconsciente. Ele precisa de cuidados médicos ou corre sério risco nos dias que virão. Ele veste roupas folgadas e simples de servo, cobrindo o corpo todo e a cabeça. O tecido é espesso e sem cor. Encontrou junto com ele um punhal e um frasco com um líquido misterioso. Trata-se de um humano jovem de pele negra, tem o corpo repleto de tatuagens cinzentas, o cabelo raspado e olhos negros. Não encontra nenhuma pista ou evidência que o relacione a alguma organização ou mandante.

Por fim, reunidos, Vilbur começa a falar:

- Estava na casa da guarda no meu turno quando escutei o latido de um cachorro vindo dos estábulos. Quando fui averiguar encontrei o senhor Bonnie e um punhal ensanguentado. Ele alegou que enfrentava um assassino invisível e que este havia fugido. Com o restante da guarda trancamos o castelo e chamamos pelo senhor, capitão. Usamos cães rastreadores para encontrar o rastro desse sujeito e, já quando rendido, foi apunhalado pelo mesmo senhor Bonnie, que se recusa a cooperar e esconde informações vitais a segurança do rei - Vilbur diz isso com os dentes cerrados - Capitão, Bonnie trata-se de um impostor e traidor da confiança do monarca, pois foi ele o responsável por trazer este homem para dentro dos muros da fortaleza - Vilbur chuta a cabeça do sujeito inconsciente de modo que o rosto aponte para cima e todos possam vê-lo com clareza - O garoto do estábulo viu quando Bonnie e um servo entraram e amarraram suas montarias, e viu quando Bonnie atacou-o pelas costas. Em seguida, o servo tornou-se invisível. Servo este que Bonnie esforçou-se para que a guarda do portão permitisse a entrada. Pode confirmar com os guardas do portão, meu senhor, eles reconhecerão este sujeito.

Vilbur lança um olhar fulminante para Bonnie, e tem a mão pronta no cabo da arma.