Parte 2

O rei e a nobreza escutam atentamente a todas as palavras ditas pelos convidados.

Durante a apresentação de Terry, percebe-se que Aeron Petar, o grão-mestre do templo de Crezir, gargalhou de forma pouco contida, e sua expressão era a de quem acaba de descobrir algo óbvio. Apesar disso, o grão-mestre se contem novamente no seu porte militar e não diz nada abertamente, aguardando o pronunciamento do rei.

Thalles apresenta-e humildemente, como sempre o faz:

- Meu nome é Thalles Godric, alteza, e filho de um casal de viajantes. O destino não foi favorável aos meus pais e foi criado por meu tio em Timor. Desde então, acho que apenas estive no lugar certo na hora certa. Ou errada, não tenho certeza...

Quando Anya começa a falar dos cavaleiros, é interrompida pelo rei:

- Eu pedi apenas suas apresentações, senhora Anya de Maginor, tudo ao seu tempo.

Após as devidas apresentações e explicações, o rei fala enquanto caminha lentamente como antes:

- Que improvável e ainda auspiciosa companhia se formou. Um nobre das areias da Levânia, um elfo hábil na guerra e nas palavras como os da sua raça ainda que humilde, um representante não só do Alto Povo como também da voz dos deuses, uma maga das terras dos magos, e um rapaz tão jovem e incerto quanto é bom nas armas. Surpreendente. Ah, sim, e um desconhecido convidado ausente. Não posso julgá-lo, é compreensível que minha casa não satisfaça seus requintados hábitos. É uma pena, vai perder um bom vinho.

Algumas pessoas riem no salão, e vocês podem perceber que o rei não é uma pessoa ruim ou perigosa assim de se conversar. Ele sobe de volta alguns degraus, para e se vira a vocês novamente, dizendo:

- Mas eu fui informado anteriormente não de cinco nem de seis, mas de dez distintos e corajosos combatentes da Batalha de Timor. É compreensível que os bardos tenham exagerado um pouco, é de seu ofício. Presto minhas condolências ao companheiro que se perdeu na viagem, mas isso ainda não explica a notável diferença dos números. Poderiam satisfazer-me a curiosidade e nomear pessoas e o porquê de não estarem entre vós agora?

Roderick responde em voz baixa a Thartalion, enquanto assiste tudo:

- Parece que o rei notou isso também. Tem algo a informar a sua majestade?

Os bardos sussurram com Abadrel:

- É melhor se comportar Lucius, o príncipe costuma ser fulminante! Você já sentiu o gosto do veneno, na próxima espere um fim para sua carreira de bardo!

Os cachorros com Bonnie ficam confusos no começo. O odor do cavalo de Nierom era muito mais forte do que o do odor que eles deveria farejar. Após pequenas correções, eles começam a seguir a pista. Os guardas perdem a pista do sangue misteriosamente, e comentam - de forma óbvia - de que aquele ferimento havia sido estancado.

Bonnie começa a seguir um caminho errante pelo pátio, mas consegue perceber razoavelmente qual foi a trilha feita pelo mago. Os cachorros ficam fazendo ziguezague e o o fogo da tocha está assustando eles. Já no meio da pista, Vilbur retorna e segura o braço de Bonnie, interrogando:

- Onde está o servo que entrou com você no castelo?

Enquanto isso, Nierom se aproxima da entrada por onde os serviçais carregam barris e sacos, e quando já estava bem próximo da porta tropeça numa pedra do chão desnivelada e cai por cima de uma pilha de lenha ao lado, produzindo um estardalhaço. O guarda e os serviçais se assustam com o caos repentino. Ele saca a espada num reflexo e aponta a tocha para o vazio, dizendo:

- Quem está aí?! - ele observa atento os arredores, sem notar, imediatamente, o mago invisível.

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O rei escuta atentamente (confusamente) ao que vocês dizem. Quando Oberyn cita Markas, ele faz um aceno misturado ali próximo à multidão, e quando Anya cita ele como um dos heróis de Timor, ele diz baixinho o suficiente para a maga ouvir:

- Ora senhora Anya, não sou um dos heróis, assim me deixa com vergonha...

Thalles conta com os dedos das mãos enquanto cita os nomes:

- Senhor Terry, senhor Oberyn, senhora Anya, senhor Lezard, eu, senhor Bonnie, senhora Joaquina, falecido senhor Murim e desaparecido senhor Marroar. São nove. Majestade, acho que os bardos exageraram um pouco mesmo. Talvez dez sejam mais fáceis de se contar do que nove afinal.

Dali próximo, de sua visão privilegiada, os bardos cochicham com Abadrel:

- Eu heim, se nem eles sabem em quantos estão, imagine nós bardos! E dos nove, apenas cinco se apresentam. Eu não perderia uma chance com o rei nem que isso me custasse uma bolsa de moedas! Lucius, seja cauteloso, perder a vida não é tão ruim quanto passar o resto dos dias numa masmorra ou sendo motivo de escárnio.

Observando o desenrolar da ação, Roderick responde a Thartalion:

- Hmmm, talvez você esteja certo e possamos usar isso a nosso favor. Deixe-me pensar em algo...

Nesse momento, o rei estava prestes a dar sequência em mais um pronunciamento quando lorde Roderick Karp chama a atenção de todos, dizendo alto para ser ouvido por todo o salão:

- Majestade! Eu humildemente peço para lhe dirigir a palavra e não o faria por motivo leviano. Meu cavaleiro, Sir Thartalion Menelcar, preza pela segurança e integridade de vossos convidados e pode ter informações angustiantes a respeito de um dos heróis faltantes.

O rei Darniar dá ouvidos, assim como todos os nobres no salão real, e faz um gesto para que Thartalion prossiga com o que quer dizer. Roderick lhe sussurra no ouvido:

- Seja educado, avance, ajoelhe perante o rei e conte a história. Tente fazer com que pareça um herói e disponha seus serviços.

Sir Jozias lentamente se move pela multidão até chegar a um dos guardas a postos, que faz uma ligeira reverência com a cabeça e responde:

- Sir Rumbald, capitão da guarnição do castelo. A guarda foi reforçada para esta noite.

Vilbur ainda responde a Bonnie com um sorriso:

- Pelos deuses, é melhor eu ficar longe de você então. Não quero ser o próximo. Ou será que tem entre vocês alguém com dupla personalidade ou maldição de Plandis e que está provocando os próprios atentados?

Ainda sem entender e antes que pudesse pedir uma explicação, Vilbur, Bonnie e os cachorros escutam o súbito estrondo da lenha. Veio do outro lado do pátio, numa entrada por onde serviçais carregavam sacas e barris. O guarda lá sacou a espada e aponta para o vazio, como se procurasse quem derrubou toda a lenha, mas não há ninguém lá. Os cachorros latem e Bonnie descobre seu alvo.

Nierom recupera os sentidos do tombo e percebe a magia de invisibilidade falhando, oscilando. O tombo foi brusco demais para o poder mágico. Além disso, Nierom vê que o contato com seu corpo tornou alguns feixes de lenha invisíveis e que agora eles alternam sua visibilidade. O guarda próximo se assusta com partes de um corpo e feixes de lenha surgindo e desaparecendo do nada e exclama:

- PELOS DEUSES! FANTASMAS!

Nierom, se quiser manter a invisibilidade terá que tomar outra poção. Não é possível fazer movimentos bruscos sob efeito da magia. Há diversos servos e um guarda ao seu redor dificultando a passagem para dentro do castelo.