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Curiosidade - A verdadeira história de Aníbal Vieira [Off topic]

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Mensagem por Vieirinha Sex 24 Fev 2017, 08:51

Aníbal Vieira - Um Fora da Lei ou um herói?

La pelo final da segunda década do século XX Antônio Vieira de Andrade vindo da cidade de Mococa para a Vila de Cipó Torto, compra a Fazenda Santo Antônio, uma área de mil alqueires.

E assim no vilarejo que ficava na bifurcação da estrada que vindo de Olímpia abria se para Rio Preto e Nova Granada, vivia tranquilamente Antônio com sua esposa Maria José Nicácia e seus filhos Moacir, Ubirajara, Aníbal e Leonilda.

Leonilda, menina-moça, bonita e muito simples, costumava correr para a beira da estrada toda vez que ouvia barulhos de carros, que era novidade na época.
Porem certo dia de fevereiro de 1924 desaparecera quase sem deixar vestígio.
Nas duas primeiras semanas seguidas ao acontecimento seus irmãos procuraram-na como agulha em palheiro, por pura sorte, puderam localizá-la em uma casa de prostituição em Rio Preto. Depois de algumas "sugestões" a cafetina Josefa “Manca” contou tudo o que sabia.

Foi então que a trama ficou esclarecida;
Tinha sido o automóvel preto de Nestor Martinelli, um dos poucos existente no Rio Preto da época, que, fretado por Jerominho, um funcionário público daquela cidade e três policiais, para uma pescaria no Rio do Turvo, vinha de volta naquele fatídico dia com os pescadores quase todos embriagados e, vendo a moça a beira da estrada, raptaram-na. Os passos que se seguiram foi de uma matilha de lobos contra uma pobre presa, todos abusaram da menina de 15 anos que ainda brincava de boneca.

Semanas depois levada de volta para casa a moça estava perturbada, profundamente depressiva; despertava sobressaltada no meio da noite, não respondia às perguntas e chorava continuamente, um grande constrangimento se abateu sobre aquela família. Em segredo Aníbal e Ubirajara juraram vingança àquela afronta. Aníbal, com apenas 16 anos, adquiriu dois revólveres calibre 38 e partiu em busca dos algozes de sua irmã.

Em uma tarde do mês seguinte um funcionário da Câmara Municipal de Rio Preto, Jeronimo Martins, o Jerominho, tombava crivado de balas na antiga praça da estação ferroviária de Rio Preto. Na fuga os criminosos, Aníbal, um de seus irmãos e um serviçal de seu pai, fretaram o carro de Martinelli para uma viagem a Olímpia, com preço combinado de quatro mil réis. Por um pretexto qualquer um dos passageiros pediu para o carro parar ali, junto do Rio Turvo. O motorista foi fulminado pelo tiro certeiro de Aníbal, e ainda não tinha passado muitas águas sobe a ponte depois daquela tumultuosa pescaria antes que o corpo de Nestor Martinelli fosse jogado nas águas barrentas do Rio Turvo.
O carro abandonado foi encontrado com Balduino Barbosa, que acabou por levar a culpa do crime.

Preso, Aníbal Vieira confessou o crime contra Jerominho e interrogado o réu contou sua versão de que a vítima tinha sido o principal de um grupo de cinco criminosos, sendo três deles policiais, que, vindo de uma pescaria no Rio Turvo tinham raptado sua irmã e depois de terem abusado da moça deixaram-na em uma casa de baixo meretrício em Rio Preto. Versão que, aliás, não fora contestada em nenhum ponto depois das averiguações. Julgado e absolvido Aníbal estava novamente em liberdade.

Está escrito que um abismo chama por outro abismo e, uma avalanche de acontecimentos indesejáveis envolvendo seu nome estava por vir, de sorte que até os policiais envolvidos foram mortos, inclusive Jordão Ildefonso pereira Martins que fora transferido para Ituverava e morto em Guará no dia 26 de novembro de 1925.
Todavia Aníbal tinha também bons e influentes amigos; entre estes a família Junqueira, fazendeiros abastados da região.

Estes não viam o como um bandido, mas sim, como um justiceiro em uma região onde o descaso e desmando valorizava mais o dinheiro e influencia social, que o direito e justiça.

Por concelho de alguns patriarcas desta família, Aníbal seguiu para a cidade de Barretos, alistou-se no batalhão de voluntários e lutou ao lado dos paulistas na revolução de 1932, tendo sido beneficiado pela anistia dos inúmeros processos judiciários que tramitavam contra sua pessoa, porém, isto não lhe dava nenhuma garantia contra perseguições motivadas por antigas rixas.

Alguns anos depois, o filho de Aníbal adoeceu e precisava de uma operação urgente. Sua mulher foi até Olímpia procurar pelo Doutor Custódio Ribeiro de Carvalho, um grande médico-cirurgião. O Doutor Custódio era diretor da Beneficência Portuguesa. Conta o Doutor Custódio: “Sua mulher pediu-me que salvasse seu filho, mas que não tinha dinheiro para pagar o serviço. A criança foi operada, de graça; teve uma parada cardiorrespiratória e após algumas manobras o menino sobreviveu”.
Passados seis ou oito meses, numa véspera de ano novo, Dona Olga, esposa do Doutor Custódio, o acordou de madrugada, após ouvir batidas na porta da casa. Era Aníbal Vieira que tinha vindo agradecer a operação feita no filho dele. “Ele afirmou que eu tinha salvado a pessoa que mais amava e a única pela qual vivia. Contei, então, como foi a operação do menino; a luta para salvá-lo. Ele colocou as mãos na cabeça e disse: Se meu filho tivesse morrido, eu teria vindo aqui para matar o senhor, pois, naturalmente, iria pensar que o senhor teria deixado meu filho morrer porque não tinha meios de pagar.”

Lá pelo ano de 1928, o Aníbal estava na Fazenda Santa Fé, nos arredores da cidade de Olímpia, SP, e conversava animadamente com Antônio Gisoldi, administrador da dita fazenda.
A conversa girava em torno dos preços do café e da criação de gado, principais atividades praticadas ali.
De repente apareceu a Captura (polícia da época) que vinha no encalço de Aníbal e este não teve nem mesmo tempo de pular na cela de seu animal e, correndo em direção ao Rio Cachoeirinha, que passava ao lado, deitou-se debaixo de um coxo onde uma manada de gado lambiam o sal.
Logo atrás veio a polícia e um deles, ao passar pelo gado manso bateu na anca de uma vaca gorda e disse;

"Eita carne boa para um churrasco!!

E ali, deitado, imóvel debaixo do coxo Aníbal viu, também, um dos policiais apanhar uma caixa de fósforos vazia que ele tinha jogado, [talvez fosse para exame técnico-criminal]. Descendo até o rio os policiais voltaram e foram embora.

Aníbal selou o burro, montou e dirigiu-se à cidade. Enquanto, rodeado de amigos, bebia cerveja num bar a Captura que o surpreendera na surdina, prendeu o procurado baderneiro.

Toda a cidade de Olímpia, numa só boca exclamava em alvoroço;
Prenderam o Aníbal, prenderam o Aníbal, e o povo se aglomerou em frente a pequena delegacia da cidade onde um tenente da Captura discursava;

"Vejam! A polícia desta cidade é incompetente.
" Nós viemos da capital sem conhecermos nada aqui e já prendemos este famigerado!".

Neste momento Aníbal, pedindo a palavra, disse;

"Eu não sou bandido! Se fosse teria matado todos vocês que passaram quase tropeçando em mim lá naquele coxo da fazenda.”

Como prova disto Aníbal citou o que vira e ouvira dos policiais ao passar por ele.
Os policiais da Captura ouviram-no perplexos e aterrorizados. Aquilo deu força à crendice popular de que, com "reza braba" ele era capaz de se transformar num toco, numa tora de pau ou, quem sabe, num coxo.
Aníbal Vieira foi encarcerado num presídio da cidade de Rio Preto, más, com poucos dias de detenção conseguiu escapar, saindo com ele mais de cinquenta presidiários.

Ainda há relatos de várias rixas entre Aníbal Vieira e outros pistoleiros, inclusive com fotos e recortes de jornal da época. A morte do pistoleiro Nego, que ocorreu no bar do Sr. Cristino na rua São João, o tiroteio entre Aníbal e os irmãos Hipólito onde hoje é a Av. Dep. Waldemar Lopes Ferraz. Há também um relato do sr. Antônio Barbosa, pai do Dr. Eduardo, farmacêutico de Olímpia que em uma ocasião ao atender Aníbal em um sítio por conta de uma forte gripe, foi seguido por gente que queria matá-lo, todavia foram mortos por Aníbal.

Nos processos destes casos há muita coisa interessante, inclusive com a reconstituição da morte do Nego, que se deu porque este "cantou" a esposa do Aníbal quando ele estava preso em São José do Rio Preto. Dizem que ele entrou no bar e o sr. Cristino, que já sabia o que ia acontecer. Foi para uma sala de carteado que ficava nos fundos, segurou a porta de vai-e-vem com o pé, chamou Nego e antes que este pudesse apanhar o revólver que estava sobre a mesa, o matou com dois tiros, um projétil atravessou seu pescoço e alojou-se na parede. A foto está em um destes processos. O interessante é que se conta que ele aproveitou que era noite, subiu em uma frondosa mangueira que havia há cerca de 50 metros do bar e a captura, não conseguindo localizá-lo, encerrou as buscas de madrugada, ele então desceu e foi embora.

Aníbal comprou um sitio em uma cidade mais afastada e foi morar em Dores do Campo Formoso, hoje Campo Florido, Minas Gerais.

Tendo perdido a mulher enquanto esteve preso em 1933, apenas um empregado de confiança o acompanhou para Minas. Dizem que poucos anos depois a polícia mineira o localizou pegando de surpresa a Aníbal e Creolino, o empregado. Sem tempo de esboçar qualquer reação os dois foram mortos sumariamente ali mesmo dentro do curral e sepultados em Campo Formoso em uma só cova.

Outras pessoas dizem que ele nunca foi encontrado e que viveu até sua velhice onde faleceu descansando o cano quente de sua pistola.


* Texto baseado em relatos verbais de Christiano Vieira colhido em 1972, portanto suscetível de falhas.


Fontes:
Cipó torto: A Vida de Annibal Vieira.
Autor; Dr.Wilson Romano Calil.

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Mensagem por Vieirinha Qua 21 Mar 2018, 10:39

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